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Trianon proíbe cães de andar na terra
Decisão da nova diretora do parque revolta donos de cachorros dos Jardins, que dizem ser seguidos por vigias
Rita Nakamura saiu da
praça Buenos Aires após
desentendimentos com
moradores do bairro
pelos mesmos motivos
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO
Tem cachorrada no Trianon, o parque da avenida
Paulista. Donos de cães moradores dos Jardins têm se estranhado com a nova administradora do local, Rita de
Cássia Ferreira Nakamura.
Há um mês começaram
brigas e acusações de perseguição dentro da área de
48.600 m2 de vegetação nativa de mata atlântica.
Os frequentadores reclamam que os cães agora têm
de andar na linha e são proibidos de pisar na terra e circular em meio às árvores.
Passear, fazer cocô e xixi só
na calçada, longe do mato.
"Os cachorros têm direito
adquirido, em lugar nenhum
do mundo são proibidos de
pisar na areia. Nunca houve
perseguição aos animais
dentro do parque nem jamais
nos sentimos acuados", diz a
administradora Tilda Lax,
dona de cinco vira-latas e vizinha de frente do parque.
Segundo os moradores, seguranças do Trianon passaram a segui-los para fazer
cumprir a nova regra. E dizem se sentir intimidados
porque os vigias trocam alertas por rádio sobre a presença dos cães.
"Sempre andei com a Cristal no parque e não tive problema. Disseram que não podia deixar o cachorro andar
na areia porque a nova administradora não permitia. É
um absurdo, os animais precisam de contato com a natureza", diz a autônoma Mônica de Lima, dona de uma
schnauzer de 8 kg.
Moradores querem juntar
uma matilha para fazer barulho num protesto contra o
que dizem ser uma intolerância da diretora do parque.
"Tudo o que faço está dentro das diretrizes e procedimentos do Verde", afirma
Nakamura, a administradora
do parque Trianon, pouco
antes de ser proibida de dar
entrevista pela secretaria.
A confusão foi parar na
Sammorc, a poderosa associação de bairro dos Jardins,
e já chegou ao secretário do
Verde, Eduardo Jorge.
"Estou estudando as leis
municipais e de proteção ao
animal. Se a postura for essa,
acho que está discriminando
os animais. Vou tomar providências", diz Célia Marcondes, presidente da entidade.
BUENOS AIRES
A indisposição de Nakamura com donos de cachorro
é antiga. Antes de ser transferida para o Trianon, segundo
ela própria há um mês e
meio, administrou, por dois
anos, o parque Buenos Aires,
um famoso reduto de cachorros em Higienópolis.
Saiu de lá depois de um
abaixo-assinado conseguir
700 adesões de moradores
contrários à sua presença. E o
relato de conflitos é o mesmo. Diversos blogs foram
criados na internet para tornar públicos os embaraços.
Segundo a professora Meire Sampaio, dona da yorkshire Lara, são comuns bate-bocas com palavrões entre Nakamura e frequentadores.
No regulamento do parque
Trianon não há nenhuma
menção à proibição da circulação de cachorros pela faixa
de terra. A única ressalva é a
de que os bichos têm de andar de coleira. Numa das placas há referência à lei 48.533,
que diz a mesma coisa.
Nos canteiros centrais do
parque não há jardinagem
nem flores, são plantas nativas da mata atlântica.
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