São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

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Trianon proíbe cães de andar na terra

Decisão da nova diretora do parque revolta donos de cachorros dos Jardins, que dizem ser seguidos por vigias

Rita Nakamura saiu da praça Buenos Aires após desentendimentos com moradores do bairro pelos mesmos motivos

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO

Tem cachorrada no Trianon, o parque da avenida Paulista. Donos de cães moradores dos Jardins têm se estranhado com a nova administradora do local, Rita de Cássia Ferreira Nakamura.
Há um mês começaram brigas e acusações de perseguição dentro da área de 48.600 m2 de vegetação nativa de mata atlântica.
Os frequentadores reclamam que os cães agora têm de andar na linha e são proibidos de pisar na terra e circular em meio às árvores. Passear, fazer cocô e xixi só na calçada, longe do mato.
"Os cachorros têm direito adquirido, em lugar nenhum do mundo são proibidos de pisar na areia. Nunca houve perseguição aos animais dentro do parque nem jamais nos sentimos acuados", diz a administradora Tilda Lax, dona de cinco vira-latas e vizinha de frente do parque.
Segundo os moradores, seguranças do Trianon passaram a segui-los para fazer cumprir a nova regra. E dizem se sentir intimidados porque os vigias trocam alertas por rádio sobre a presença dos cães.
"Sempre andei com a Cristal no parque e não tive problema. Disseram que não podia deixar o cachorro andar na areia porque a nova administradora não permitia. É um absurdo, os animais precisam de contato com a natureza", diz a autônoma Mônica de Lima, dona de uma schnauzer de 8 kg.
Moradores querem juntar uma matilha para fazer barulho num protesto contra o que dizem ser uma intolerância da diretora do parque.
"Tudo o que faço está dentro das diretrizes e procedimentos do Verde", afirma Nakamura, a administradora do parque Trianon, pouco antes de ser proibida de dar entrevista pela secretaria.
A confusão foi parar na Sammorc, a poderosa associação de bairro dos Jardins, e já chegou ao secretário do Verde, Eduardo Jorge.
"Estou estudando as leis municipais e de proteção ao animal. Se a postura for essa, acho que está discriminando os animais. Vou tomar providências", diz Célia Marcondes, presidente da entidade.

BUENOS AIRES
A indisposição de Nakamura com donos de cachorro é antiga. Antes de ser transferida para o Trianon, segundo ela própria há um mês e meio, administrou, por dois anos, o parque Buenos Aires, um famoso reduto de cachorros em Higienópolis.
Saiu de lá depois de um abaixo-assinado conseguir 700 adesões de moradores contrários à sua presença. E o relato de conflitos é o mesmo. Diversos blogs foram criados na internet para tornar públicos os embaraços.
Segundo a professora Meire Sampaio, dona da yorkshire Lara, são comuns bate-bocas com palavrões entre Nakamura e frequentadores.
No regulamento do parque Trianon não há nenhuma menção à proibição da circulação de cachorros pela faixa de terra. A única ressalva é a de que os bichos têm de andar de coleira. Numa das placas há referência à lei 48.533, que diz a mesma coisa.
Nos canteiros centrais do parque não há jardinagem nem flores, são plantas nativas da mata atlântica.


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