São Paulo, sábado, 8 de agosto de 1998

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SAÚDE
Matemáticos e atuários são a ocupação mais atingida pela doença, mas representam grupo pequeno e concentrado em SP
Governo lança ranking de Aids por profissão

da Sucursal de Brasília

Os matemáticos e atuários e os enfermeiros diplomados são os grupos profissionais com maior incidência de Aids no país, segundo pesquisa feita a pedido do Ministério da Saúde.
Os matemáticos e atuários têm 2.631,58 homens infectados em um grupo de 100 mil profissionais, mas eles representam um grupo pequeno e estão concentrados em São Paulo. Já os enfermeiros diplomados apresentam uma alta incidência em praticamente todas as regiões brasileiras (1.110,04 infectados por 100 mil profissionais), com exceção da Norte.
Segundo a assessoria da Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, ainda não é possível afirmar qual a causa da alta incidência de infecção por HIV entre os enfermeiros. Entre os não-diplomados, há 160,84 infectados por grupo de 100 mil profissionais.
Metodologia
A pesquisadora Conceição Cassano Torres, da Fiocruz, elaborou o estudo cruzando dados do IBGE sobre número de trabalhadores em cada profissão e a ocupação declarada nas notificações de casos de Aids entre homens feitas em 1995. Os dados populacionais se referem ao ano de 1991.
A pesquisa mostra que há incidência da doença em todas as profissões. No início da epidemia no país, havia a idéia de que ela se restringia a determinados grupos, principalmente homossexuais.
A partir daí, criou-se um mito segundo o qual a doença atingia sobretudo cabeleireiros e artistas. Segundo o cruzamento de dados feito por Conceição, a incidência de Aids no grupo de cabeleireiros é de 572,96 por 100 mil profissionais, mais baixa do que em ocupações como governantes e mordomos (788,95) e arquivologistas e museólogos (763,36).
Ocupações técnicas
O estudo dividiu os profissionais em nove grandes grupos de ocupação. Os enfermeiros, matemáticos e atuários fazem parte daquele com maior incidência de casos da doença, o de ocupações técnicas, científicas, artísticas e assemelhadas (61,69 por 100 mil).
Nesse grande grupo estão profissionais como arquitetos, farmacêuticos, economistas, cientistas sociais, professores pesquisadores, escritores e jornalistas, decoradores e cenógrafos, artistas de cinema, teatro, rádio e TV.
O Ministério da Saúde alerta que isso não significa que essas profissões sejam de risco, apenas indica um número alto de notificação.
Segundo o ministério, o fato de haver alta incidência entre arquitetos, por exemplo, não significa que os profissionais da área corram risco de se contaminar com o vírus HIV.
(BETINA BERNARDES)


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