São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003 |
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HABITAÇÃO Incêndio destruiu quatro dos nove andares de um edifício ocupado por sem-teto na região central de São Paulo Fogo em prédio invadido mata menina
DO "AGORA" Um incêndio destruiu quatro dos dez andares de um prédio ocupado por integrantes do Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC), na madrugada de ontem, no centro de São Paulo. Uma menina de quatro anos -Kimberly, conhecida como Billy- morreu. Duas pessoas tiveram ferimentos leves. A menina morava com a mãe no quarto andar e estava dormindo ao lado do irmão Lucas quando começou o fogo. "A mãe dela tinha saído e deixado uma vizinha tomando conta das crianças. Quando o fogo ficou descontrolado, ela [vizinha] saiu com o menino, mas ninguém encontrou a menina", disse Getúlio Veloso, 65, que morava no mesmo andar e ajudou a retirar os sem-teto em meio às chamas. O corpo da menina só foi encontrado por volta das 14h -após 12 horas do início do incêndio-, quando PMs auxiliavam na operação de rescaldo. O Corpo de Bombeiros levou três horas para controlar o fogo. O prédio, na rua Brigadeiro Tobias, foi invadido em novembro de 2002. Ele pertencia à Companhia Nacional de Tecidos e estava abandonado quando foi ocupado pelos sem-teto. Atualmente moravam no local cerca de 800 pessoas. Todas ficaram desalojadas porque o imóvel foi interditado. A prefeitura distribuiu colchões e cobertores para as famílias. Comerciantes se mobilizaram e doaram alimentos. A perícia foi feita na tarde de ontem, mas a polícia ainda não sabe a causa do incêndio. O prédio tinha um sistema de iluminação precário, com várias instalações irregulares, que podem ter causado o incêndio, de acordo com as pessoas que viviam no local. Segundo moradores, os bombeiros chegaram rápido ao local, mas o combate às chamas demorou devido à falta de água. O Corpo de Bombeiros negou que tenham ocorrido problemas durante a operação. Susto A menina Daiane, 10, lamentou ontem a morte da amiga Kimberly. "Eu gostava de brincar de boneca com ela", disse a menina. Além da amiga, Daiane se queixava da perda de uma bicicleta nova que ganhou na terça-feira e que foi queimada no incêndio. A mãe de Daiane, a desempregada Joselita Moura, 33, morava havia dez meses no sétimo andar do prédio com o marido e as três filhas -Daiane, Josenilda, 7, e Deisiane, 6. Tudo que tinham foi queimado. "Eu acordei com os gritos e o barulho de vidro quebrando. O fogo começou muito rápido", disse Joselita. Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Administração: Cercada de secretários e políticos, Marta inaugura o quinto escolão Índice |
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