São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002 |
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MARILENE FELINTO Agora é guerra: ou direito de resposta
Foi o Brasil da juventude que
triturou e transformou em
farinha, nestas eleições, certas
alas da direita ultraconservadora, a direita da farsa, do interesse
próprio, dos inimigos do cidadão,
especialmente no Sudeste. Isso
sim é direito de resposta: foi o
Brasil da juventude que varreu
do território de São Paulo o malufismo e o quercismo. Nem Paulo
Maluf para o governo do Estado
nem Orestes Quércia para o Senado. Provavelmente também não
se elegerão deputados federais
nem Celso Pitta (PSL) nem Luiz
Antonio Fleury Filho (PTB). Nem
mesmo um segundo turno coube
a Paulo Maluf, pela primeira vez
na história das eleições que o candidato disputou em São Paulo.
Direito de resposta é isso. Houve
outros, Brasil afora, outros direitos de resposta com luva de pelica:
a Iris Rezende, em Goiás; a Antonio Britto, no Rio Grande do Sul;
a Newton Cardoso, em Minas Gerais; a Fernando Collor, na reviva
Alagoas. Bravo!
Mas o Brasil do atraso, do jeitinho e da impunidade continua a
postos. E volta em peso ao cenário
político de Brasília, como se nada
tivesse acontecido: os ex-senadores Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), Jader Barbalho
(PMDB-PA) e José Roberto Arruda (PFL-DF) voltam ao Congresso -ACM no Senado, Jader e Arruda à Câmara- depois de renunciarem a seus mandatos no
ano passado para escapar de processos de cassação. Antonio Carlos Magalhães e Arruda seriam
cassados por envolvimento no
episódio da quebra do sigilo do
painel eletrônico do Senado. Jader Barbalho, para evitar a abertura de um processo por quebra
de decoro. Barbalho responde
ainda a acusações de envolvimento nos escândalos da extinta
Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). Estão todos reeleitos -pelo atraso
do Norte e Nordeste e pelos estranhos fenômenos gerados no subdesenvolvimento de Brasília. Pelo
menos, desta vez, o Distrito Federal levou o suspeito Joaquim Roriz para o segundo turno.
Sete horas para votar! Urnas
quebradas. Analfabetismo boquiaberto diante da maquininha
cheia de botões incompreensíveis.
Como é que não se pensou em colocar duas urnas por seção? Por
que não deu isso no "New York
Times"? "Esta urna parece uma
coisa tão frágil que é difícil acreditar que funcione mesmo", disse
um homem na fila de votação.
Em Campinas (SP), um senhor já
bastante idoso foi votar levando
um tubo de cola na mão! Perguntou para o mesário: "O que a gente tem que fazer com este tubo de
cola que vocês pediram pra trazer?". A história parece piada,
mas não é. Aconteceu. Há dúvidas e "elevados índices de abstenção" onde as filas foram maiores,
como dizem os comentários. Meio
exagerado achar que o Brasil virou país de Primeiro Mundo só
porque tem eleição informatizada. E as urnas falsificadas, que
fim levaram? Quem falsificou? |
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