São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2011

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Blitz em valets expõe loteamento ilegal das ruas da Vila Madalena

Oito pessoas ligadas a serviço foram detidas em operação policial em bairro boêmio da zona oeste

Clientes se irritaram com espera para que carros fossem devolvidos durante a madrugada de sexta

Zanone Fraissat/Folhapress
Polícia suspende serviço de valet em bar da r. Aspicuelta, na Vila Madalena, anteontem

REYNALDO TUROLLO JR.
ANDRÉ CARAMANTE

DE SÃO PAULO

Uma operação policial contra valets ilegais causou rebuliço ontem no agitado bairro boêmio da Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo.
Oito pessoas ligadas aos serviços de manobrista que atendem a bares e restaurantes da região foram detidas para prestar esclarecimentos. Duas permanecem na prisão.
A blitz chegou a flagrar um manobrista de valet que não tinha carteira de habilitação.
A espera para ter os carros devolvidos irritou clientes. Alguns ameaçavam "chamar a polícia", mas eram logo avisados de que a demora era causada justamente por uma operação policial. Exaltada, uma mulher foi ser presa por desacato e liberada depois.
De acordo com os policiais, os valets garantiam aos clientes -por escrito nos tíquetes- que guardavam os carros em local fechado e com seguro, mas, na verdade, deixavam os veículos na rua.
As investigações indicam que as empresas reservavam vagas nas ruas com cones e faixas, proibindo moradores e comerciantes de estacionar em frente a seus imóveis.
As reservas de vagas eram feitas à tarde e só eram ocupadas pelos valets à noite.
O preço do serviço no bairro varia de R$ 15 a R$ 20.

ENVOLVIDOS
A blitz mirou o serviço em seis bares da rua Aspicuelta e de vias perpendiculares.
Todos -Posto 6, Salve Jorge, Prima, José Menino, Filial e Santa Gula- dispunham de serviços terceirizados ilegais.
A polícia ainda não sabe se os donos dos bares eram coniventes com o modo de operar das empresas. Os contratos entre os bares e os valets agora serão analisados.
"Esse pessoal [dos valets] age como gangue ao intimidar os moradores", diz o delegado Osvaldo Gonçalves. "A via pública está loteada."
O entorno da praça Senador Lineu Prestes e a altura do número 130 da Aspicuelta eram os principais bolsões onde carros eram deixados.
"O uso irregular do espaço público, corroborado pelo engano à vítima e pela obtenção de vantagem, configurou o estelionato", afirma o delegado Aloisio Araújo.
Apenas o dono de um valet foi identificado até agora.
Eriton Goiabeira de Souza, dono da G5 Estacionamento, está preso. A polícia disse que, até ontem, Souza não tinha advogado. Além dele, um manobrista permanece detido, mas por outro motivo: ele era procurado por dever pensão alimentícia à ex-mulher.
Os outros detidos foram liberados após serem ouvidos apenas como testemunhas.

TROCAS
O bar Filial informou estar providenciando a troca da empresa de valet. Os bares Posto 6, Salve Jorge e Prima informaram que não tinham conhecimento das irregularidades e vão tomar providências quanto ao serviço.
O bar José Menino informou que os carros entregues à sua porta são colocados, sim, em estacionamentos.
Os representantes do estabelecimento admitiram que um dos manobristas não tinha carteira de habilitação.
Segundo a polícia, a operação deve ser estendida a bares de bairros como Vila Olímpia, Itaim Bibi e Tatuapé.


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