São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Tratamento que para antes do tempo favorece os micróbios

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE

Toda vez que alguém não termina seu tratamento com antibióticos ou usa esses remédios para tratar infecções leves, que poderiam se resolver sozinhas, acaba dando uma colher de chá para as superbactérias sem saber.
Darwin explica. Como todos os outros seres vivos, as bactérias têm características variáveis, e algumas são naturalmente mais resistentes a antibióticos do que outras.
Uma dose incompleta de antibióticos mata as mais vulneráveis e seleciona as mais duronas, as quais, na geração seguinte, vão acabar predominando -pura seleção natural em ação.
Hoje, é consenso entre os especialistas que houve abuso no emprego de antibióticos no mundo todo, seja no caso da saúde humana, seja no tratamento de animais.
Nesse caso, mesmo vacas, porcos e galinhas saudáveis recebem antibióticos, em muitos países, porque se acredita que isso melhora o desempenho comercial dos bichos. O resultado, porém, acaba sendo a transferência de bactérias resistentes dos animais para a população.
Outro problema grave é a promiscuidade das bactérias. As barreiras entre as espécies que estamos acostumados a ver no caso de animais ou plantas não valem muito para esses micróbios. Bactérias de espécies totalmente diferentes podem muito bem trocar genes que facilitam a resistência a antibióticos.
E, num mundo cada vez integrado por viagens internacionais baratas, é muito fácil um gene de resistência saltar de micróbios da China para bactérias de um hospital ou de uma escola no Brasil.
O único jeito de continuar à frente do inimigo é mais rigor no uso de antibióticos já existentes, vigilância constante nos hospitais e investimento para desenvolver antibióticos novos, com mais chance de agir com sucesso.


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