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MÍDIA
CFM decidiu revogar medida
Médico não terá mais de aprovar entrevistas
MAURÍCIO TUFFANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Conselho Federal de Medicina deverá deixar de obrigar os
médicos a exigirem a revisão prévia dos textos das entrevistas à
imprensa. A decisão foi anunciada anteontem, em Brasília, na sede do CFM, em reunião da diretoria do órgão com representantes
da Abraji (Associação Brasileira
de Jornalismo Investigativo) e da
Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas Profissionais).
A reunião foi proposta pelo
CFM em resposta a um ofício da
Abraji em outubro. A diretoria do
conselho afirmou que debaterá
até dezembro próximo a mudança de sua Resolução nº 1.701, baixada em setembro, substituindo a
obrigatoriedade de exigir prévio
acesso às reportagens pela recomendação aos médicos de outras
medidas, como a de gravar suas
próprias entrevistas.
Mordaça
Publicada na Folha em 29 de setembro, a resolução é chamada
nos meios jornalísticos de "mordaça dos médicos", e foi considerada inconstitucional por diversos advogados e especialistas em
direito -que a consideraram um
cerceamento à liberdade de imprensa.
O artigo 5º da Constituição Federal estabelece que "é livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença".
O presidente do CFM, Edson de
Oliveira Andrade, explicou no encontro que o objetivo principal da
resolução foi evitar que "maus
médicos dêem entrevistas e depois não se responsabilizem pelo
que declaram".
De acordo com o presidente do
CFM, tem sido comum o aparecimento de reportagens sobre tratamentos sem eficácia científica
comprovada, mas, quando os
conselhos regionais de medicina
interpelam os médicos entrevistados sobre o conteúdo da reportagem, geralmente a informação é
atribuída por eles aos jornalistas
que os entrevistaram.
A diretoria do CFM se dispôs a
submeter a mudança da resolução previamente às entidades representadas na reunião.
No entanto o jornalista Fernando Rodrigues, diretor da Abraji e
repórter da Folha em Brasília,
afirmou que não seria correto que
os profissionais de imprensa interferissem no trabalho da entidade médica.
Casos polêmicos
Os dirigentes do CFM afirmaram que a recomendação de gravar entrevistas deverá, em princípio, ser aplicada somente às reportagens sobre assuntos polêmicos ou a declarações passíveis de
terem contestação posterior.
Nesses casos, de acordo com o
CFM, deverá o médico informar
ao jornalista sua intenção de gravar a entrevista.
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