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USP Leste empresta área para empresa particular
Estacionamento é ocupado por veículos de mineradora, que nada paga pelo serviço
Benefício à Belgo Mineira
é considerado ilegal pelo
Ministério Público; vigia da companhia tem chave para liberar uso durante a noite
MARIANA TAMARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Parte do estacionamento da
USP Leste, espaço público que
deve ser usado exclusivamente
por alunos e funcionários da
instituição, é ocupado desde
outubro por cerca de 50 veículos de uma empresa particular,
que nada paga pelo serviço.
O benefício à Belgo Mineira,
empresa localizada na rua da
universidade, em Ermelino
Matarazzo (zona leste de SP), é
considerado ilegal pelo Ministério Público por ser uso de
bens públicos para fins privados, com prejuízo ao Estado. A
USP diz que cedeu o espaço
pois a empresa é "parceira em
diversos projetos sociais". A
Belgo tem sua planta em obras
até meados de dezembro.
Os funcionários da mineradora usam a mesma entrada
dos estudantes e saem a pé por
um portão lateral, mais perto
da entrada da empresa, a cerca
de 1 km do portão principal.
Nesse portão para pedestres,
um funcionário da Belgo faz a
vigia, na parte interna do campus. À noite, seguranças da firma têm a chave do portão, que é
aberto quando um empregado
precisa acessar o carro.
"Isso é uso do patrimônio público para fins particulares,
sem contrapartida, sem pagamento de qualquer valor. É obviamente ilegal", afirmou o
promotor Sílvio Marques.
Segundo ele, o Estado perde
com a cessão gratuita de um
bem público. "Imagine se a empresa pagasse para colocar os
carros lá por 30 ou 60 dias."
De acordo com a Belgo Mineira, cerca de 50 carros e 20
motos têm permissão para parar na faculdade -número suficiente para ocupar mais de um
terço do estacionamento.
A empresa diz ter autorização para usar a área até o meio
de dezembro. A direção da USP
Leste afirma que a liberação
acaba nesta sexta-feira.
Proibida a entrada
Diferentemente do campus
da USP no Butantã, na zona
oeste, na USP Leste a entrada
de pessoas e veículos é restrita.
A cessão de vagas à empresa
agravou críticas de estudantes.
"A comunidade do entorno
aproveita pouco o espaço. É
complicado entrar aqui. Mas,
com a cessão do estacionamento, funcionários da Belgo têm
livre acesso ao campus", critica
Mateus Prado, 31, aluno de gestão de políticas públicas.
Segundo a diretoria da instituição, quem não é aluno, professor ou empregado precisa de
autorização para entrar por
questões de segurança e como
forma de "pôr a comunidade na
escola de maneira organizada".
Às 12h15 de ontem, porém, a
Folha constatou que o portão
lateral para a entrada de pedestres da Belgo estava aberto e
sem vigia, com pessoas entrando e saindo sem restrição.
O transporte coletivo também não tem acesso ao campus,
exceto a linha circular. "Moro
em Jundiaí e venho de van. Tenho de parar no portão, a mais
de 500 m do prédio da faculdade. Só deixam entrar quando
está chovendo muito", conta
Lívia Baldio, 18, estudante de
gestão ambiental. "Por que carros particulares, como os da
Belgo, podem entrar e uma van
que tem exclusivamente alunos
da USP não pode?"
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