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Governo vai investigar 7 marcas de leite
Laudos apontam mais de 20% de diferença entre o valor nutricional e a indicação na embalagem; não houve problemas em SP
Operação conjunta entre Justiça e Agricultura foi
feita antes da denúncia de adulteração do leite em cooperativas mineiras
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Justiça abriu
procedimento administrativo
para investigar seis empresas
que, de acordo com laudos do
Lanagro (Laboratório Nacional
Agropecuário), fabricavam leite com valor nutricional diferente do informado no rótulo.
Uma operação conjunta entre a pasta e o Ministério da
Agricultura feita em maio -antes da descoberta da adulteração do leite em Minas Gerais-
encontrou essa irregularidade
em oito amostras de leite em pó
e longa vida de 57 analisadas:
Parmalat, Andrinse, Marajoara
(duas amostras), Cilpe, Lebon,
Alimba (que também pertence
à Parmalat) e Total. A análise
foi concluída neste mês.
As amostras apresentavam
níveis de gordura, carboidratos
e proteínas com diferença
maior do que 20% em relação
ao informado na embalagem.
Resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permite variação até
20%, tanto da quantidade de
nutrientes como do valor calórico. A agência argumenta que
esse índice é comum aos países
do Mercosul, e "admitido devido à variação natural da composição das matérias-primas,
do processo de fabricação e da
metodologia de análise".
As análises das amostras de
leite foram feitas em conjunto
com o Procon em Goiás, Tocantins, Paraíba, São Paulo -onde
não foi detectada irregularidade- e Santa Catarina.
A partir dos exames do Lanagro, a Agricultura abriu também 18 procedimentos para
apurar infrações ao regulamento técnico do leite.
Entre as irregularidades encontradas estão níveis de gordura, proteínas, carboidratos e
acidez fora dos padrões.
O procedimento administrativo do Ministério da Justiça
pode acarretar multa entre
R$ 200 e R$ 3 milhões, prevista
no Código de Defesa do Consumidor. A penalidade do procedimento do Ministério da Agricultura tem o teto de R$ 16 mil.
A operação conjunta foi feita
após pedido da CNA (Confederação Nacional de Agricultura e
Pecuária). "Sugerimos que se
fizesse um convênio porque há
muito tempo a gente trabalhava com o Ministério da Agricultura e ele tinha muitas dificuldades pelo conjunto de regras a
que tinha que obedecer", disse
Rodrigo Alvim, presidente da
Comissão Nacional de Pecuária
de Leite da entidade.
Ele diz que, quando um produtor adiciona substâncias para aumentar o volume do leite,
prejudica a concorrência.
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