São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Caixa-preta do jato será analisada nos EUA

A FAB decidiu fazer o envio porque o Brasil só dispõe de tecnologia para periciar o equipamento se ele estiver intacto

Piloto que estava no Campo de Marte no domingo disse que o Learjet subiu em posição muito vertical, "como se fosse um foguete"

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Aeronáutica decidiu ontem enviar aos EUA a caixa-preta do Learjet que caiu sobre casas no último domingo em São Paulo e matou oito pessoas. As causas do acidente ainda são desconhecidas.
Na caixa-preta estão gravadas as conversas entre a tripulação do jato e os controladores de vôo da torre do Campo de Marte, na zona norte. Foi dessa pista que o avião decolou.
Como esse equipamento -que em inglês se chama CVR, Cockpit Voice Recorder- foi avariado no acidente, isso impede sua análise no Brasil, que só dispõe de tecnologia para periciar o equipamento intacto.
O gravador de voz será analisado na NTSB (National Transportation Safety Board, agência que investiga acidentes da aviação civil nos EUA). O CVR contém todos os diálogos, desde a autorização para a decolagem do Learjet até a queda do jato.
Após decolar, a aeronave errou sua trajetória: fez a curva à direita quando deveria ter virado para a esquerda, como orientou a torre de controle.
O comandante Edenilson Viana de Queiroz, que estava no hangar vizinho ao do jato acidentado, relatou que o Learjet subiu em uma posição muito vertical, como se fosse um foguete. Após dez segundos caiu sobre as casas.
"Nunca tinha visto uma decolagem assim. O normal seria o Learjet ir subindo aos poucos, aumentando sua inclinação, mas ele subiu como se fosse um foguete, com o nariz muito para cima", disse Queiroz, que é co-piloto de Learjet.
A data do envio da caixa-preta ainda não foi definida porque existe a possibilidade de outras peças do jato também serem encaminhadas aos EUA.
"Amanhã [hoje] vamos definir o dia em que a caixa-preta ou outras demais peças, se necessário, vão para aos EUA", disse o tenente-coronel da Aeronáutica Wagner Cyrillo, chefe do Seripa (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
Seis representantes da NTSB, da FAA (agência de aviação norte-americana) e dos fabricantes da aeronave e do motor chegaram ontem ao Brasil para verificar os demais destroços da aeronave, que estão guardados no hangar da FAB em Guarulhos.


Colaborou JULIANA COISSI, da Folha Ribeirão, em Uberlândia


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