São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Era só um jogo, diz acusado de liderar seita de vampiros

Rapaz de 27 anos apresentou-se à polícia em Presidente Prudente e foi liberado

Segundo o delegado, ele costuma usar lentes de contato vermelhas e disse que apenas jogava RPG com os jovens que o acusam

CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

O homem suspeito de aliciar adolescentes de Presidente Prudente (565 km de SP) para uma seita que prometia transformá-los em "vampiros" apresentou-se ontem à polícia.
Sem advogado e acompanhado pela mãe, pela irmã e pelo cunhado, o ajudante-geral Vandeir Máximo da Silva, 27, negou ter mordido o pescoço e bebido o sangue de ao menos 15 adolescentes de 13 a 17 anos.
"Não tem nada de seita. Os pais estão alegando satanismo, não existe isso. É só um grupo de amigos do Orkut para ajudar quem não tinha o que fazer", disse, ao chegar à delegacia.
Segundo o delegado Dirceu Gravina, Silva afirmou que tudo não passou de um jogo. "Ele fala que tudo é uma brincadeira, uma representação de um jogo de RPG [role playing game, ou jogo de interpretação de papéis] e que não é líder de seita."
Gravina disse que os adolescentes confirmaram que jogavam RPG com Silva, mas reafirmaram a existência da seita e das mordidas, o que Silva nega.
De acordo com o delegado, o RPG que Silva jogava com os jovens se chama "El Diablo" e é facilmente encontrado na internet. "A mordida, por exemplo, era a iniciação no jogo. É a versão dele, mas temos de investigar mais."
A polícia pediu exames da arcada dentária do suspeito para confrontar com as marcas nos pescoços dos jovens.
"Os jovens disseram que viram ele criar asas, ficar com os olhos vermelhos e seus dentes caninos crescerem. Nada disso ocorre. Ele contou que usa lentes de contato vermelhas e tem um desvio na coluna. Quando abre os braços, os ossos parecem inchar, dando a impressão de asa", afirmou o delegado.
Trajando tênis, calça jeans e camisa preta, Silva demonstrava tranqüilidade. Depôs por mais de seis horas e foi liberado por não ter sido preso em flagrante e não haver mandado de prisão contra ele.
Chegou a encontrar, no corredor da delegacia, um menino de 15 anos que alega ter sido aliciado. Eles não se falaram.
Até ontem, quatro famílias haviam denunciado Silva, que teria se apresentado aos garotos como Vlad Hacamia. Os pais disseram ter desconfiado de "comportamentos estranhos" dos jovens, de classes média e alta.
Segundo o delegado Gravina, os adolescentes envolvidos no caso são "emos" -tribo urbana que aprecia música pesada melódica e costuma usar trajes pretos e franjas sobre os olhos.
Silva disse que se apresentou à polícia por causa de "pressões" que estaria sofrendo. O cunhado do suspeito, que pediu para não ser identificado, afirmou que o pai de um dos adolescentes procurou Silva em casa ontem e tentou agredi-lo.


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