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Era só um jogo, diz acusado de liderar seita de vampiros
Rapaz de 27 anos apresentou-se à polícia em Presidente Prudente e foi liberado
Segundo o delegado, ele costuma usar lentes de contato vermelhas e disse que apenas jogava RPG com os jovens que o acusam
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE
O homem suspeito de aliciar
adolescentes de Presidente
Prudente (565 km de SP) para
uma seita que prometia transformá-los em "vampiros" apresentou-se ontem à polícia.
Sem advogado e acompanhado pela mãe, pela irmã e pelo
cunhado, o ajudante-geral Vandeir Máximo da Silva, 27, negou
ter mordido o pescoço e bebido
o sangue de ao menos 15 adolescentes de 13 a 17 anos.
"Não tem nada de seita. Os
pais estão alegando satanismo,
não existe isso. É só um grupo
de amigos do Orkut para ajudar
quem não tinha o que fazer",
disse, ao chegar à delegacia.
Segundo o delegado Dirceu
Gravina, Silva afirmou que tudo não passou de um jogo. "Ele
fala que tudo é uma brincadeira, uma representação de um
jogo de RPG [role playing game,
ou jogo de interpretação de papéis] e que não é líder de seita."
Gravina disse que os adolescentes confirmaram que jogavam RPG com Silva, mas reafirmaram a existência da seita e
das mordidas, o que Silva nega.
De acordo com o delegado, o
RPG que Silva jogava com os jovens se chama "El Diablo" e é
facilmente encontrado na internet. "A mordida, por exemplo, era a iniciação no jogo. É a
versão dele, mas temos de investigar mais."
A polícia pediu exames da arcada dentária do suspeito para
confrontar com as marcas nos
pescoços dos jovens.
"Os jovens disseram que viram ele criar asas, ficar com os
olhos vermelhos e seus dentes
caninos crescerem. Nada disso
ocorre. Ele contou que usa lentes de contato vermelhas e tem
um desvio na coluna. Quando
abre os braços, os ossos parecem inchar, dando a impressão
de asa", afirmou o delegado.
Trajando tênis, calça jeans e
camisa preta, Silva demonstrava tranqüilidade. Depôs por
mais de seis horas e foi liberado
por não ter sido preso em flagrante e não haver mandado de
prisão contra ele.
Chegou a encontrar, no corredor da delegacia, um menino
de 15 anos que alega ter sido aliciado. Eles não se falaram.
Até ontem, quatro famílias
haviam denunciado Silva, que
teria se apresentado aos garotos como Vlad Hacamia. Os
pais disseram ter desconfiado
de "comportamentos estranhos" dos jovens, de classes
média e alta.
Segundo o delegado Gravina,
os adolescentes envolvidos no
caso são "emos" -tribo urbana
que aprecia música pesada melódica e costuma usar trajes
pretos e franjas sobre os olhos.
Silva disse que se apresentou
à polícia por causa de "pressões" que estaria sofrendo. O
cunhado do suspeito, que pediu
para não ser identificado, afirmou que o pai de um dos adolescentes procurou Silva em casa ontem e tentou agredi-lo.
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