São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Prefeitura precisa "assumir reforma física", diz fundador de grupo teatral

DA REPORTAGEM LOCAL

Para Rodolfo García Vázquez, fundador do grupo de teatro Os Satyros -localizado na praça Roosevelt desde dezembro de 2000- o local já foi um dos mais perigosos de São Paulo. Segundo ele, a situação melhorou com a iniciativa dos teatros da área, sem auxílio do poder público, que agora precisa fazer a sua parte com a reforma. Nos últimos meses, ele percebeu um aumento de moradores de rua no local. "Conversei com alguns deles. Tinham sido expulsos da cracolândia." A seguir, trechos da entrevista. (AB)

 

FOLHA - O senhor vê uma evolução da praça nos últimos anos?
RODOLFO GARCIA VÁZQUEZ -
Quando chegamos à praça, em dezembro de 2000, a Roosevelt era considerada um dos locais mais perigosos do centro de São Paulo, comparável à cracolândia em violência e número de assassinatos. Com o decorrer dos anos, pela ação dos teatros principalmente, a praça passou a ser uma área de cultura e arte, rodeada de vários bolsões de prostituição e tráfico [como a rua Augusta e a Rego Freitas]. A convivência pacífica em uma região tão cheia de problemas é surpreendente e se tornou tema de estudos. Tudo isso foi feito sem nenhuma ajuda direta do governo, de planos mirabolantes e projetos caros. Agora, cabe ao poder público realizar a sua parte e assumir a reforma física da praça, a fim de potencializar a sua vocação cultural.

FOLHA - Como o senhor avalia a demora para a obra começar?
-VÁZQUEZ -
Acredito que não é uma falta de prioridade, mas sim fruto de um processo burocrático lento e sujeito a milhares de fatores. Pelo que sabemos, a verba do BID já está disponível para a reforma. Falta agora justamente a finalização dos detalhes do projeto e a abertura de licitação para a realização da obra.

FOLHA - A praça está degradada?
VÁZQUEZ -
Do ponto de vista urbanístico, a praça nunca foi vista como um exemplo de urbanismo bem-sucedido. Ao contrário, a convivência dos moradores e dos paulistanos com ela sempre foi cheia de problemas, devido a uma série de fatores (estrutura, forma de utilização e localização). Nós, dos Satyros, sentimos, principalmente nos dois últimos meses, uma afluência muito grande de moradores de rua e pedintes. Com eles, novos problemas chegaram. Cheguei a conversar pessoalmente com alguns deles. Tinham sido expulsos pela polícia da cracolândia. Esta nova população encontrou na praça o local ideal para se instalar: uma área abandonada, que era anteriormente o espaço do supermercado e da escola infantil. Expulsá-los da praça seria uma solução localizada que favoreceria a praça, mas não seria solução nem para eles e nem para a cidade. Nós temos que resolver de forma abrangente esta questão.

FOLHA - Quais são os pontos positivos da praça?
VÁZQUEZ -
Entre os pontos positivos, está a concentração privilegiada de espaços teatrais, que trazem cultura e lazer bem no centro da cidade, tornando-a um ponto de encontro cultural democrático e efervescente.


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