São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2008

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Perseguição a ladrões acaba com 3 mortos e 11 feridos

Um policial, um criminoso e um motoqueiro -vítima de bala perdida- morreram

Para a polícia, a maneira como os criminosos agiram e o armamento usado não deixam dúvidas de que integram a facção PCC

Rafael Hupsel/Folha Imagem
Policiais em frente à casa onde quatro pessoas ficaram reféns

DA REPORTAGEM LOCAL

A perseguição da polícia contra integrantes de uma quadrilha de cerca de 15 criminosos que haviam roubado um banco no centro de Guarulhos (Grande SP) acabou em tragédia na tarde de ontem: um PM, um motoqueiro, vítima de bala perdida, e um ladrão morreram.
Além dos três mortos, outros nove PMs, um carteiro, Djalma Gomes de Oliveira, e um estudante, Tiago Itokoso, foram feridos à bala e quatro pessoas foram feitas reféns, dentre elas uma menina de oito anos, por dois dos ladrões durante quase três horas em uma casa da zona norte de São Paulo.
Para a polícia, a maneira como os criminosos agiram e o armamento usado por eles não deixam dúvidas de que são integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Ao menos cinco carros -Astra, Gol, Saveiro, EcoSport e Siena- foram usados no roubo e na fuga e foram abandonados pelos ladrões.
Por volta das 14h de ontem, os ladrões chegaram ao banco, divididos em vários carros e motos. Armados com fuzis AR-15, metralhadoras, pistolas e revólveres, parte do grupo invadiu a agência e pegou os dois malotes, com cerca de R$ 103 mil, segundo a Folha apurou.
Durante a ação dos criminosos ainda dentro do banco Real, a polícia foi acionada e tentou impedir a tiros a fuga deles, isso num dos pontos mais movimentados de Guarulhos, a rua Capitão Gabriel. O Comando Geral da PM informou que os ladrões atiraram primeiro contra o carro da PM que passava pela porta do banco.
O motoqueiro Leandro Rodrigues Marques, 22, que passava pela praça Getúlio Vargas, bem na frente da Capitão Gabriel, foi atingido por uma bala perdida. Marques chegou a ser levado para o hospital Carlos Chagas, mas chegou lá morto, segundo a unidade.
Marques havia faltado ontem no emprego porque queria comprar um telefone celular para presentear a namorada.
Em meio ao tiroteio com a polícia, os criminosos se dividiram novamente em vários carros e começaram a fugir do centro de Guarulhos e pegaram vias que dão acesso à zona norte de São Paulo.
Na região dos bairros do Jardim Tremembé e do Jaçanã, já quando eram perseguidos por quase cem policiais, entre civis e militares, houve novo tiroteio. Dessa vez na avenida Sezefredo Fagundes, considerada a mais movimentada do Tremembé. Um carro usado pelos ladrões e um veículo da PM ficaram furados de bala.
Cerca de dois quilômetros depois desse tiroteio, parte dos ladrões entrou com um Astra em uma avenida onde havia uma feira livre. Houve novo tiroteio com os PMs, que, de motos, circulavam entre as pessoas que estavam no local.
Parte dos criminosos fugiu a pé e dois deles invadiram uma casa, já na rua Alberto Pierrotti, onde fizeram quatro reféns -uma menina de oito anos, a avó dela, de 61 anos, uma mulher, de 24, e uma jovem de 17.
Um PM que tentou prender dois dos ladrões na casa, o soldado Ailton Tadeu Lamas, 22 anos de Polícia Militar e conhecido como o "parteiro" da corporação na zona norte de São Paulo, foi morto na troca de tiros. O criminoso Carlos Antonio da Silva, o Balengo, integrante do PCC, também morreu na casa na troca de tiros.
Após quase três horas de negociação, já com a casa cercada por centenas de policiais e até por um helicóptero da PM, as quatro reféns foram liberadas e o outro ladrão, Elielton Aparecida da Silva, se entregou. Ele e Balengo chegaram até a atirar no helicóptero da PM.
No rastreamento que fizeram na zona norte, as polícias Civil e Militar detiveram oito suspeitos de participação do roubo e nos tiroteios. Um deles, Cláudio Roberto Zanetti, 26, foi reconhecido por vítimas.
(LUIS KAWAGUTI, ROGÉRIO PAGNAN E ANDRÉ CARAMANTE)



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