Complexo empresarial na Pinheiros vai despejar até 6.120 veículos por hora, quase metade da capacidade do sistema Anchieta-Imigrantes

Obras que empreendimento terá de fazer para aliviar problemas de tráfego só serão concluídas após início de transtornos na região

Joel Silva/Folha Imagem

Região do complexo de prédios WTorre JK, que deve gerar tráfego de cerca de 6.120 veículos a cada hora na marginal Pinheiros

ALENCAR IZIDORO
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seus últimos dias de férias, a analista financeira Ivete Vieira Ribeiro, 55, quebrava a cabeça para definir como se deslocará a partir de amanhã ao trabalho na Daslu, na Vila Olímpia (zona oeste de São Paulo), num cenário que ela mesmo classifica de "loucura".
Desde julho, ela gasta uma hora a mais na viagem de sua casa, na zona norte, até a loja de luxo por causa da restrição aos ônibus fretados -transporte do qual era adepta desde 2006.
Agora, Ivete terá pela frente as interdições decorrentes das obras de ampliação da marginal Tietê, além de uma vizinhança no serviço que, em poucos meses, será equivalente a um terço da população da Barra Funda.
O maior polo gerador de trânsito já construído até hoje na marginal Pinheiros começou a se instalar nos últimos dias na engarrafada marginal Pinheiros, ao lado da Daslu, esquina com a av. Juscelino Kubitschek, no terreno do antigo "esqueleto" da Eletropaulo.
A quantidade de automóveis que deve migrar para lá nos próximos meses, em razão do empreendimento, impressiona os especialistas em trânsito.
Mas as principais obras que a administração Gilberto Kassab (DEM) disse que exigiria da construtora WTorre para evitar um "colapso" nas imediações nem sequer começaram.
Por exemplo, a criação de uma faixa adicional na marginal Pinheiros -intervenção que, pela estimativa da própria empreiteira, deve levar até seis meses após as aprovações dos projetos pelos órgãos públicos.
Ou seja, os transtornos devem começar primeiro -mesmo que graduais. Já a mitigação, se for feita, virá só depois.

Veículos por minuto
Os funcionários que começaram a ocupar a primeira torre de 28 andares, na última terça-feira, são do Santander. Sozinha, ela representa quase dois terços do total de novos espaços comerciais entregues neste ano na cidade de São Paulo.
Trata-se do maior complexo comercial do Brasil, segundo informação do banco, que vai transferir das suas sedes administrativas para lá um contingente de 4.000 trabalhadores. No subsolo será concluída inclusive uma pequena rodoviária para 21 ônibus fretados.
Até fevereiro, a expectativa é que essa primeira etapa do complexo batizado de WTorre JK jogue nas imediações mais de 1.500 veículos por hora nos picos da tarde -25 por minuto, número suficiente para inutilizar uma faixa da marginal.
O empreendimento inteiro, até 2011, terá shopping, hotel e outro bloco de escritórios, com previsão de atrair até 6.120 veículos a cada hora -mais do dobro do fluxo máximo do shopping Bourbon, na Pompeia, e quase metade da capacidade do sistema Anchieta-Imigrantes.
"Em dia de chuva, já levei meia hora para sair do estacionamento da Daslu, de tanto trânsito na marginal Pinheiros. Com tanta gente, quero só ver a partir de agora", teme Ivete.

Rodoanel
O consolo aos motoristas é que, em março, a conclusão de obras como a alça sul do Rodoanel tende a provocar algum alívio em toda a cidade, especialmente na marginal Pinheiros.
Mas técnicos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) avaliam que pode não ser suficiente para evitar a piora na pista local, no sentido Interlagos-Castello Branco.


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