São Paulo, domingo, 08 de dezembro de 2002

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SAÚDE

Operações de adenóide e amígdalas ocupam a segunda posição entre as mais realizadas de zero a dez anos

Cirurgia resolve ronco e respiração bucal

BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

A criança respira pela boca, ronca durante o sono e não tem apetite. Da preocupação dos pais ao diagnóstico de adenóide aumentada normalmente não se perde muito tempo. O que pode demorar é a decisão de fazer a cirurgia.
Quanto mais cedo a operação é feita, sobretudo antes dos três anos de idade, maior a chance de o problema voltar a ocorrer. Embora essa volta só ocorra na minoria dos casos, é considerada na hora de recomendar a cirurgia. Os médicos observam a idade do paciente, o grau de alteração da adenóide e avaliam se o desconforto causado justifica a cirurgia.
A operação, que faz uma "raspagem" da adenóide, é mais recomendada entre os três e os sete anos. Quando a criança chega a ficar alguns segundos sem respirar durante o sono (apnéia noturna), a cirurgia deve ser feita logo. Se o problema não é tão grave, é possível aguardar um pouco, já que a adenóide diminui com o tempo.
As operações de adenóide e amígdalas ocupam a segunda posição entre as cirurgias mais realizadas em crianças de zero a dez anos, segundo dados do Ministério da Saúde -a mais frequente é a cirurgia de hérnia. A adenóide, localizada na faringe, é um tecido de defesa que fornece informações para a produção de anticorpos contra microorganismos presentes no ar. As amígdalas -cujo aumento exagerado está quase sempre associado ao da adenóide- fazem o mesmo com "invasores" presentes nos alimentos.
"A adenóide grava a memória imunológica que será utilizada para o resto da vida", diz Ney Penteado de Castro Júnior, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenador do departamento pediátrico da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia.
Pesquisa da Organização Saúde Otorrino mostra que o aumento de adenóide e amígdalas é a quarta doença tratada pela otorrinolaringologia mais frequente entre crianças. Perde só para a rinite alérgica, a otite média (inflamação no ouvido) e a respiração bucal relacionada à má postura.
Estudo realizado pela organização com 2.039 crianças de duas comunidades carentes da zona sul de São Paulo mostra que o problema atinge 2% das crianças em geral e 10% das que têm alguma doença de ouvido, nariz e garganta. Entre as que têm doenças, apenas 2% já tinham sido atendidas por um médico. "São comuns casos em que os pais não percebem alterações na criança, pois acham que é normal respirar pela boca, por exemplo", afirma o presidente da Organização Saúde Otorrino, Oswaldo Laércio Mendonça Cruz, professor da Unifesp.
No nascimento, a adenóide está retraída, mas cresce de forma lenta e progressiva até atingir seu ponto máximo, normalmente aos sete anos. A partir dos dez, começa a diminuir e, por volta dos 15, já está novamente retraída.
Quando aumenta muito, a adenóide inviabiliza a respiração pelo nariz. "O ar respirado pela boca é mais frio, seco e impuro. A pessoa fica mais sujeita a infecções respiratórias", diz o diretor da Fundação Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP, Edigar Rezende de Almeida.
Com o tempo, a respiração bucal pode causar alterações no céu da boca e na arcada dentária. Em adultos, o aumento pode estar relacionado a doenças como Aids e mononucleose.


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