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TERROR NA LINHA 350
Garota que participou do ataque diz estar arrependida
Menina diz que parou ônibus no Rio "por aventura"
CRISTINA TARDÁGUILA FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA FOLHA, DO RIO
"Eu sou uma pessoa aventureira. Gosto de aventuras." Foi assim
que, de acordo com o promotor
Felipe Cuestas, da 2ª Vara da Infância e da Juventude, a adolescente de 13 anos detida no Rio justificou sua participação no ataque
ao ônibus 350, ordenado pelo traficante Lorde, no último dia 29.
Na audiência de apresentação,
ontem à tarde, a jovem reafirmou
que foi recrutada pelo grupo e que
"sua missão era servir como isca"
para parar o ônibus no qual cinco
pessoas morreram carbonizadas.
A juíza auxiliar Renata Rangel,
que também ouviu a jovem, disse
que, no depoimento, a menina
contou que tinha cheirado lança-perfume e que os demais responsáveis pelo ataque haviam fumado maconha e consumido cocaína pouco antes de queimar o 350.
Desta vez, diferentemente do
que ocorreu no depoimento na
madrugada de sábado (relatado
pela polícia), ela teria mostrado
sinais reais de arrependimento.
Segundo Rangel, a voz dela chegou a embargar algumas vezes
enquanto contava sua história.
"Ela me convenceu. Sinto que está
mesmo arrependida."
Segundo a juíza, a menina, que
morava com a avó, a tia e a irmã
de 15 anos no morro do Jordão
(Jacarepaguá), disse que, ao ver as
chamas, chegou a pensar em ajudar os passageiros, mas que voltou atrás quando percebeu que
havia gente armada ao seu redor.
Ela disse que achava que Lorde
estava brincando quando determinou que todos no coletivo deveriam morrer. "Ela disse que
Lorde era muito brincalhão e que
pensava que aquilo era mais uma
brincadeira dele, mas não acredito nessa história. Acho que ela tinha sim consciência do que estava prestes a acontecer e que falou
isso para tentar atenuar a responsabilidade", disse o promotor.
Ela está no Educandário Santos
Dummont, mas, por estar sendo
ameaçada, ficará detida sob os
cuidados de uma ONG que protege crianças que correm risco.
"Ela está sendo ameaçada por
Lorde, por Mica [traficante que já
executou quatro envolvidos no
ataque ao 350] e até pelas próprias
internas do centro", explicou.
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