São Paulo, quinta-feira, 08 de dezembro de 2005

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TERROR NA LINHA 350

Garota que participou do ataque diz estar arrependida

Menina diz que parou ônibus no Rio "por aventura"

CRISTINA TARDÁGUILA FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA FOLHA, DO RIO

"Eu sou uma pessoa aventureira. Gosto de aventuras." Foi assim que, de acordo com o promotor Felipe Cuestas, da 2ª Vara da Infância e da Juventude, a adolescente de 13 anos detida no Rio justificou sua participação no ataque ao ônibus 350, ordenado pelo traficante Lorde, no último dia 29.
Na audiência de apresentação, ontem à tarde, a jovem reafirmou que foi recrutada pelo grupo e que "sua missão era servir como isca" para parar o ônibus no qual cinco pessoas morreram carbonizadas.
A juíza auxiliar Renata Rangel, que também ouviu a jovem, disse que, no depoimento, a menina contou que tinha cheirado lança-perfume e que os demais responsáveis pelo ataque haviam fumado maconha e consumido cocaína pouco antes de queimar o 350.
Desta vez, diferentemente do que ocorreu no depoimento na madrugada de sábado (relatado pela polícia), ela teria mostrado sinais reais de arrependimento. Segundo Rangel, a voz dela chegou a embargar algumas vezes enquanto contava sua história. "Ela me convenceu. Sinto que está mesmo arrependida."
Segundo a juíza, a menina, que morava com a avó, a tia e a irmã de 15 anos no morro do Jordão (Jacarepaguá), disse que, ao ver as chamas, chegou a pensar em ajudar os passageiros, mas que voltou atrás quando percebeu que havia gente armada ao seu redor.
Ela disse que achava que Lorde estava brincando quando determinou que todos no coletivo deveriam morrer. "Ela disse que Lorde era muito brincalhão e que pensava que aquilo era mais uma brincadeira dele, mas não acredito nessa história. Acho que ela tinha sim consciência do que estava prestes a acontecer e que falou isso para tentar atenuar a responsabilidade", disse o promotor.
Ela está no Educandário Santos Dummont, mas, por estar sendo ameaçada, ficará detida sob os cuidados de uma ONG que protege crianças que correm risco.
"Ela está sendo ameaçada por Lorde, por Mica [traficante que já executou quatro envolvidos no ataque ao 350] e até pelas próprias internas do centro", explicou.


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