São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Para ONG, vereadores não lêem o que votam

Sonia Barboza, do Movimento Voto Consciente, diz que é "romantismo" acreditar que parlamentares analisam projetos

Segundo ela, diversas leis são propostas e votadas pelos parlamentares só para mostrar serviço a um grupo de eleitores ou interessados

DA REPORTAGEM LOCAL

A aprovação de dois projetos contraditórios (um para acabar com as regras do rodízio de veículos e outro para ampliá-las) num mesmo dia na Câmara Municipal é um exemplo de que muitos vereadores nem sequer lêem e avaliam as propostas antes de votá-las, segundo Sonia Barboza, coordenadora-geral do Movimento Voto Consciente. A ONG foi criada em 1987 para acompanhar a atividade de vereadores e deputados estaduais em São Paulo.
"Precisa ser muito romântico para acreditar que os vereadores analisam os projetos que votam", avalia Barboza.
Na noite de quarta-feira, os vereadores de São Paulo aprovaram, em uma única sessão, 96 projetos. Pelo acordo feito entre eles, cada um dos 55 parlamentares teve direito a indicar dois projetos.
Aqueles que não conseguiram apresentar duas propostas ficaram com a garantia de aprovação dos textos quando eles forem votados.
Para Barboza, a situação pode ser um indicativo de outro problema: de que diversas leis não são sugeridas e votadas pelos parlamentares com a intenção de que passem a valer, mas apenas para mostrar serviço a um grupo de eleitores ou interessados.
"Muitas leis são feitas intencionalmente para não valer. Muitos vereadores nem vão se esforçar para que elas sejam colocadas em prática. Eles só precisam satisfazer um grupo de eleitores, dar uma resposta de que fizeram aquilo", afirma.
Ela disse que essa situação fica exposta com um levantamento de Isadora Sbampato Constant de Almeida, voluntária do Voto Consciente. Ele mostrou que, de 2000 a novembro de 2007, 420 leis aprovadas necessitavam de regulamentação. Dessas, no entanto, apenas 282 foram regulamentadas. As outras 138 leis permaneceram paradas.
Essa situação ocorre, na avaliação de Barboza, porque a preocupação central de muitos vereadores é só "mostrar serviço" a determinado grupo. Depois que o texto passa em votação na Câmara, diz a representante da entidade, eles "adormecem" e não querem saber do resultado, pois já podem dizer que fizeram sua parte.


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