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Ruy de Oliveira e as histórias do sertão
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Sua paixão era o sertão" e
a geofísica a forma com que
Ruy Bruno Bacelar de Oliveira explicava as grandes histórias sertanejas. As certezas
ele publicou em livros e poemas. As dúvidas, dirimia-as
nas melodias preguiçosas
que brotavam de sua gaita
sertão afora.
O "filho ilustre de Vitória
da Conquista (BA)" deixou a
terra natal para formar-se
em física e geologia em Salvador, fazer doutorado em
Harvard, nos Estados Unidos, e pós-doutorado no Japão. Trabalhou em grandes
companhias, fundou a empresa Engeo, virou membro
da Academia de Ciência de
Nova York.
E só voltou à terrinha após
a morte do pai, de quem herdou o amor pelos livros -especialmente pelos "Sertões"
de Euclides da Cunha, "grande mestre" e meta literária
desse membro da Academia
Conquistense de Letras
-que sem formação específica saía pelas ruas do sertão
da Bahia e do Ceará entrevistando os habitantes.
Gente nascida em comunidades que foram "palco da
luta e da resistência do povo"
nos anos de 1930, história
que ele descreveu passionalmente em "De Caldeirão a
Pau de Colher: A Guerra dos
Caceteiros". Em que analisou por que milhares de pessoas teriam seguido o beato
Severino Tavares -nos moldes do movimento igualmente repreendido em Canudos, décadas antes.
Tinha quatro filhos, quatro
netos e 68 anos, quando descobriu, há três meses, um tumor maligno. Morreu no dia
25 em Salvador -em paz, como nos próprios versos. "E
quando chegar ao fim, na minha lápide, mandarei escrever: aqui jaz um poeta: nos
muitos versos que escreveu,
a morte jamais temeu!"
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