São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Ruy de Oliveira e as histórias do sertão

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Sua paixão era o sertão" e a geofísica a forma com que Ruy Bruno Bacelar de Oliveira explicava as grandes histórias sertanejas. As certezas ele publicou em livros e poemas. As dúvidas, dirimia-as nas melodias preguiçosas que brotavam de sua gaita sertão afora.
O "filho ilustre de Vitória da Conquista (BA)" deixou a terra natal para formar-se em física e geologia em Salvador, fazer doutorado em Harvard, nos Estados Unidos, e pós-doutorado no Japão. Trabalhou em grandes companhias, fundou a empresa Engeo, virou membro da Academia de Ciência de Nova York.
E só voltou à terrinha após a morte do pai, de quem herdou o amor pelos livros -especialmente pelos "Sertões" de Euclides da Cunha, "grande mestre" e meta literária desse membro da Academia Conquistense de Letras -que sem formação específica saía pelas ruas do sertão da Bahia e do Ceará entrevistando os habitantes.
Gente nascida em comunidades que foram "palco da luta e da resistência do povo" nos anos de 1930, história que ele descreveu passionalmente em "De Caldeirão a Pau de Colher: A Guerra dos Caceteiros". Em que analisou por que milhares de pessoas teriam seguido o beato Severino Tavares -nos moldes do movimento igualmente repreendido em Canudos, décadas antes.
Tinha quatro filhos, quatro netos e 68 anos, quando descobriu, há três meses, um tumor maligno. Morreu no dia 25 em Salvador -em paz, como nos próprios versos. "E quando chegar ao fim, na minha lápide, mandarei escrever: aqui jaz um poeta: nos muitos versos que escreveu, a morte jamais temeu!"


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