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Assassino mata por prazer, diz professor
Para Sérgio Kodato, da USP, serial killer do parque dos Paturis mata homossexuais para combater o próprio desejo reprimido
Segundo ele, assassinos em série são geralmente pessoas inteligentes, com histórico de maus-tratos e abandono, e sentem prazer em matar
DA REPORTAGEM LOCAL
O assassino em série do parque dos Paturis provavelmente
é homossexual, mas não admite esse desejo. Mata por prazer,
como se fizesse sexo, e por querer eliminar essa vontade de
outros homens, avalia o professor de psicologia da violência
da USP de Ribeirão Preto, Sérgio Kodato.
(ANDRÉ CARAMANTE E ROGÉRIO PAGNAN)
FOLHA - Como funciona a mente
de um matador em série?
SÉRGIO KODATO - Existe uma
compulsão a matar. O indivíduo geralmente ou alega estar
sob forças demoníacas -há alguém falando para ele fazer
aquilo- ou está sob o domínio
da perversão sadomasoquista.
Matar pessoas, fazê-las sofrer,
gera prazer. A perversão sexual
é caracterizada por isso.
[Neste caso] Quase todas as
vítimas são homossexuais. Isso
indica que existe, vamos dizer
assim, uma questão, um problema, um trauma sexual a ser
resolvido. No fundo, no delírio
dele, está fazendo uma espécie
de limpeza. Limpeza social.
O serial killer, geralmente, é
um indivíduo relativamente inteligente, culto. Um indivíduo
que teve uma infância traumatizada, com histórias de maus-tratos, rejeição, abandono.
Isso danifica o desenvolvimento sexual e faz que a energia sexual se alie a uma energia
agressiva de tal forma que,
quando uma se manifesta, a outra se manifesta automaticamente. Por isso, ao mesmo
tempo em que ele se sente fazendo uma limpeza, é intensamente prazeroso matar.
FOLHA - Ele sente o mesmo prazer
em matar como uma pessoa normal
sente quando faz sexo?
KODATO - Exatamente. É isso
que caracteriza a perversão sadomasoquista. Infringir dor a
ele próprio ou ao a outrem, no
sentido de chegar ao orgasmo.
FOLHA - Ele pode ser homossexual
e tem problemas com isso?
KODATO - Muito provavelmente. Pode ser que esteja querendo eliminar um desejo homossexual que não consegue aceitar nele. Então, projeta esse desejo como se fosse algo pecaminoso, fora de qualquer norma.
Para combatê-lo, combate no
outro. É mecanismo que a gente chama de projeção: projetar
no outro coisas que você não
consegue aceitar e reconhecer
em você.
FOLHA - A polícia acredita que ele
pode ser ligado à área da segurança.
KODATO - Muitas vezes o sujeito vai ser militar como uma defesa contra esse homossexualismo, não é uma escolha consciente. Ele vai buscar uma profissão radicalmente masculina
como uma defesa contra esse
desejo. Só que um desejo, quando ele é contrariado, recalcado,
sistematicamente ele vai estourar em algum outro lugar.
FOLHA - Essa pessoa pode parar de
matar de uma hora para outra?
KODATO - Como são muito inteligentes, podem parar de matar por um tempo. Fazem todo
um jogo com a polícia de gato e
rato. Eles querem mostrar que
são mais espertos e inteligentes
que a polícia.
Eles, na verdade, se baseiam
um pouco no fato de que o
maior serial killer da história,
Jack Estripador, até hoje não se
sabe quem é.
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