São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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Delegado atuou contra Bandido da Luz Vermelha

DA REPORTAGEM LOCAL

As espessas sobrancelhas brancas do delegado Paulo Fernando Fortunato, 66, o mais veterano dos policiais civis em atividade hoje no Estado de São Paulo, com 48 anos ininterruptos de carreira, ficam tortas quando ele fala do matador em série do parque dos Paturis.
É a preocupação pela falta de norte na investigação e pela pouca infra-estrutura empregada no caso. No 3º Distrito Policial de Carapicuíba, onde as 13 mortes são investigadas, apenas cinco policiais civis se dedicam aos casos e nenhum exame de DNA foi feito nas vítimas.
Chefe da Polícia Civil na área de Carapicuíba desde 29 de agosto deste ano, onde comanda cerca de 40 delegacias, foi Fortunato quem apontou a hipótese de um matador em série no Paturis e centralizou as informações.
"Quando cheguei aqui a Carapicuíba, fui ver onde estavam os problemas criminais e os policiais me disseram que muitos homicídios aconteciam no parque, principalmente no horário em que o lugar é freqüentado por homossexuais. Li os documentos dos casos e não tive dúvida: é um matador em série."
A mais recente morte investigada ocorreu em 19 de agosto, dez dias antes da chegada de Fortunado a Carapicuíba. A vítima foi um homem negro, forte, de 1,7 m, enterrado em vala comum no cemitério da cidade.
A experiência de Fortunato lhe permite buscar na memória o que aprendeu em 1967. Jovem e então escrivão, ajudava veteranos a colher fragmentos de impressões digitais deixadas nas cenas dos crimes de João Acácio Pereira da Costa, o Bandido da Luz Vermelha, para tentar identificá-lo.

Assinatura
Foi Fortunato quem fez o primeiro inquérito policial contra o Luz Vermelha, assim chamado porque invadia mansões em São Paulo com uma lanterna com luz dessa cor, sempre para roubar. Em alguns casos, o criminoso, que virou filme do cineasta Rogério Sganzerla (1946-2004), violentava sexualmente as mulheres.
"É assim que pretendo prender esse matador em série que age aqui no parque. Vamos colhendo pequenas pistas", diz.
Professor de policiamento preventivo especializado na Academia da Polícia Civil há 23 anos, o delegado também diz ter sido o primeiro da polícia paulista a pedir um exame residuográfico, em 1974, para prender um advogado criminalista que matara a noiva, em Perdizes (zona oeste de SP).
"O que estudei me dá a certeza de que o matador guarda algum tipo de troféu sobre cada um dos crimes que ele cometeu aqui. Pode ser uma anotação, um objeto que ele pegou das vítimas, um mapa ou qualquer outra coisa", afirma
Até agora, Fortunato e os policiais que o auxiliam não sabem qual é assinatura deixada pelo assassino. Tentam descobrir por que algumas vítimas tinham as calças abaixadas, o motivo da precisão dos tiros (em regiões vitais) e como o matador foge do parque. (AC e RP)



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