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Delegado atuou contra Bandido da Luz Vermelha
DA REPORTAGEM LOCAL
As espessas sobrancelhas
brancas do delegado Paulo Fernando Fortunato, 66, o mais
veterano dos policiais civis em
atividade hoje no Estado de São
Paulo, com 48 anos ininterruptos de carreira, ficam tortas
quando ele fala do matador em
série do parque dos Paturis.
É a preocupação pela falta de
norte na investigação e pela
pouca infra-estrutura empregada no caso. No 3º Distrito Policial de Carapicuíba, onde as 13
mortes são investigadas, apenas cinco policiais civis se dedicam aos casos e nenhum exame
de DNA foi feito nas vítimas.
Chefe da Polícia Civil na área
de Carapicuíba desde 29 de
agosto deste ano, onde comanda cerca de 40 delegacias, foi
Fortunato quem apontou a hipótese de um matador em série
no Paturis e centralizou as informações.
"Quando cheguei aqui a Carapicuíba, fui ver onde estavam
os problemas criminais e os policiais me disseram que muitos
homicídios aconteciam no parque, principalmente no horário
em que o lugar é freqüentado
por homossexuais. Li os documentos dos casos e não tive dúvida: é um matador em série."
A mais recente morte investigada ocorreu em 19 de agosto,
dez dias antes da chegada de
Fortunado a Carapicuíba. A vítima foi um homem negro, forte, de 1,7 m, enterrado em vala
comum no cemitério da cidade.
A experiência de Fortunato
lhe permite buscar na memória
o que aprendeu em 1967. Jovem e então escrivão, ajudava
veteranos a colher fragmentos
de impressões digitais deixadas
nas cenas dos crimes de João
Acácio Pereira da Costa, o Bandido da Luz Vermelha, para
tentar identificá-lo.
Assinatura
Foi Fortunato quem fez o
primeiro inquérito policial
contra o Luz Vermelha, assim
chamado porque invadia mansões em São Paulo com uma
lanterna com luz dessa cor,
sempre para roubar. Em alguns
casos, o criminoso, que virou
filme do cineasta Rogério Sganzerla (1946-2004), violentava
sexualmente as mulheres.
"É assim que pretendo prender esse matador em série que
age aqui no parque. Vamos colhendo pequenas pistas", diz.
Professor de policiamento
preventivo especializado na
Academia da Polícia Civil há 23
anos, o delegado também diz
ter sido o primeiro da polícia
paulista a pedir um exame residuográfico, em 1974, para prender um advogado criminalista
que matara a noiva, em Perdizes (zona oeste de SP).
"O que estudei me dá a certeza de que o matador guarda algum tipo de troféu sobre cada
um dos crimes que ele cometeu
aqui. Pode ser uma anotação,
um objeto que ele pegou das vítimas, um mapa ou qualquer
outra coisa", afirma
Até agora, Fortunato e os policiais que o auxiliam não sabem qual é assinatura deixada
pelo assassino. Tentam descobrir por que algumas vítimas tinham as calças abaixadas, o
motivo da precisão dos tiros
(em regiões vitais) e como o
matador foge do parque.
(AC e RP)
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