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Febre maculosa matou sul-africano, diz Fiocruz
Doença transmitida por carrapatos foi a causa da morte de empresário no Rio
Hipótese nunca esteve em lista divulgada pelo Ministério da Saúde; transmissão ocorreu na África do Sul, segundo pesquisadora
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
A febre maculosa, doença
transmitida por carrapatos, foi
a causa da morte do empresário
sul-africano William Charles
Erasmus, 53, segundo divulgou
ontem o Ministério da Saúde. A
Fiocruz, responsável pelo teste
que identificou a doença, afirma que ele foi contaminado na
África do Sul.
A contaminação pela bactéria rickettsia -agente da febre
maculosa- não estava no rol de
doenças investigadas nas notas
divulgadas diariamente pelo
ministério. A pesquisadora Elba Lemos, no entanto, afirmou
que a hipótese era analisada pelos infectologistas da Fiocruz
desde o início do caso.
A principal suspeita para a
morte de Erasmus, ocorrida na
terça-feira, era contaminação
por um arenavírus, o que foi
descartado após o exame PCR
(método de biologia molecular
para identificar material genético do agente causador). O ministério chegou a monitorar 75
pessoas para identificar possíveis evidências de contágio.
Como a febre maculosa não
pode ser transmitida entre humanos -o contágio ocorre apenas no contato com o carrapato
contaminado-, o monitoramento está encerrado.
A doença provoca febre, náuseas, vômitos, manchas e fortes
dores de cabeça e musculares.
Nos últimos 11 anos, segundo a
Fiocruz, houve 641 casos no
Brasil (concentrados em SC,
SP, MG e RJ). A taxa de letalidade é de cerca de 30%.
De acordo com Lemos, Erasmus foi contaminado pela rickettsia na África do Sul, pois o
período de incubação médio é
de uma semana -varia de dois
a 15 dias. O empresário começou a apresentar os sintomas
dois dias após chegar ao Brasil.
"Ele só foi do aeroporto para
o hotel e de lá para o trabalho,
não houve circunstância nem
tempo hábil para que tivesse sido infectado aqui", disse o diretor da Secretaria de Vigilância
em Saúde, Eduardo Hage.
Lemos afirmou que o diagnóstico da doença é difícil "em
qualquer lugar do mundo". "É
preciso sensibilizar os médicos
para que fiquem atentos ao
diagnóstico dessa doença."
Antibiótico
De acordo com o ministério,
o sul-africano recebeu, na Casa
de Saúde São José, antibiótico
contra a febre maculosa na segunda-feira -ele morreu um
dia depois-, quando foi levantada a suspeita de que ele poderia ter sido contaminado pela
bactéria rickettsia. O dado foi
apresentado pelo ministério
para tentar eximir o hospital de
qualquer falha no diagnóstico.
A possibilidade, no entanto,
nunca havia sido divulgada pelo ministério ao longo de toda a
semana. As hipóteses eram
hantavirose, leptospirose, hepatite e arenavírus (sendo esta
última a principal).
Entre as vítimas da febre maculosa estão o jornalista Roberto Moura e o superintendente
municipal da Vigilância Sanitária no Rio, Fernando Villas-Boas Filho, ambos em 2005.
No Brasil, o principal hospedeiro da rickettsia é o carrapato-estrela. O teste, porém, ainda não identificou a espécie que
contaminou o sul-africano. Os
resultados finais dos exames
serão enviados à África do Sul.
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