São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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Febre maculosa matou sul-africano, diz Fiocruz

Doença transmitida por carrapatos foi a causa da morte de empresário no Rio

Hipótese nunca esteve em lista divulgada pelo Ministério da Saúde; transmissão ocorreu na África do Sul, segundo pesquisadora

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A febre maculosa, doença transmitida por carrapatos, foi a causa da morte do empresário sul-africano William Charles Erasmus, 53, segundo divulgou ontem o Ministério da Saúde. A Fiocruz, responsável pelo teste que identificou a doença, afirma que ele foi contaminado na África do Sul.
A contaminação pela bactéria rickettsia -agente da febre maculosa- não estava no rol de doenças investigadas nas notas divulgadas diariamente pelo ministério. A pesquisadora Elba Lemos, no entanto, afirmou que a hipótese era analisada pelos infectologistas da Fiocruz desde o início do caso.
A principal suspeita para a morte de Erasmus, ocorrida na terça-feira, era contaminação por um arenavírus, o que foi descartado após o exame PCR (método de biologia molecular para identificar material genético do agente causador). O ministério chegou a monitorar 75 pessoas para identificar possíveis evidências de contágio.
Como a febre maculosa não pode ser transmitida entre humanos -o contágio ocorre apenas no contato com o carrapato contaminado-, o monitoramento está encerrado.
A doença provoca febre, náuseas, vômitos, manchas e fortes dores de cabeça e musculares. Nos últimos 11 anos, segundo a Fiocruz, houve 641 casos no Brasil (concentrados em SC, SP, MG e RJ). A taxa de letalidade é de cerca de 30%.
De acordo com Lemos, Erasmus foi contaminado pela rickettsia na África do Sul, pois o período de incubação médio é de uma semana -varia de dois a 15 dias. O empresário começou a apresentar os sintomas dois dias após chegar ao Brasil.
"Ele só foi do aeroporto para o hotel e de lá para o trabalho, não houve circunstância nem tempo hábil para que tivesse sido infectado aqui", disse o diretor da Secretaria de Vigilância em Saúde, Eduardo Hage.
Lemos afirmou que o diagnóstico da doença é difícil "em qualquer lugar do mundo". "É preciso sensibilizar os médicos para que fiquem atentos ao diagnóstico dessa doença."

Antibiótico
De acordo com o ministério, o sul-africano recebeu, na Casa de Saúde São José, antibiótico contra a febre maculosa na segunda-feira -ele morreu um dia depois-, quando foi levantada a suspeita de que ele poderia ter sido contaminado pela bactéria rickettsia. O dado foi apresentado pelo ministério para tentar eximir o hospital de qualquer falha no diagnóstico.
A possibilidade, no entanto, nunca havia sido divulgada pelo ministério ao longo de toda a semana. As hipóteses eram hantavirose, leptospirose, hepatite e arenavírus (sendo esta última a principal).
Entre as vítimas da febre maculosa estão o jornalista Roberto Moura e o superintendente municipal da Vigilância Sanitária no Rio, Fernando Villas-Boas Filho, ambos em 2005.
No Brasil, o principal hospedeiro da rickettsia é o carrapato-estrela. O teste, porém, ainda não identificou a espécie que contaminou o sul-africano. Os resultados finais dos exames serão enviados à África do Sul.


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