São Paulo, terça-feira, 08 de dezembro de 2009

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Falsa oferta de emprego nos EUA lesa 9.000

11 pessoas foram presas em 4 Estados acusadas de integrar quadrilha que cobrava de R$ 10 mil a R$ 15 mil de brasileiros

Quando os brasileiros chegavam aos EUA, não havia nenhum trabalho; esquema movimentou R$ 90 mi em 7 anos, afirma Promotoria

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público do Estado e o consulado americano em São Paulo desmontaram ontem um esquema que fez cerca de 9.000 vítimas e movimentou algo em torno de R$ 90 milhões nos últimos sete anos.
A fraude funcionava da seguinte maneira: brasileiros pagavam entre R$ 10 mil e R$ 15 mil a agências de empregos no Brasil para trabalhar em hotéis, restaurantes e indústrias nos Estados Unidos pelo período de nove meses; lá chegando, não havia nenhum trabalho e eles dependiam da ajuda de parentes e amigos para voltar.
Como nem todas as vítimas do esquema tinham dinheiro suficiente, muitos passavam a viver ilegalmente, mendigando em solo americano.
As investigações começaram no ano passado. Até o fechamento desta edição, 11 pessoas tinham sido presas em quatro Estados (São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Cataraina) sob a acusação de estelionato e formação de quadrilha.
Outros sete suspeitos continuavam foragidos no Brasil e nos Estados Unidos.
A promotora Aline Zavaglia Alves, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado) de Guarulhos, na Grande São Paulo, suspeita que a quadrilha também atue em outros cinco países: Rússia, República Dominicana, Filipinas, Romênia e Emirados Árabes Unidos.

Detalhes
A fraude consistia na falsificação de documentos e na venda de falsas vagas de trabalho.
Um advogado que intermediava a contratação de estrangeiros recebia de um hotel o pedido de 50 funcionários. O intermediário, que era membro da quadrilha, falsificava o documento do hotel e enviava ao governo americano solicitação de autorização para contratar 200 trabalhadores. Ele a obtinha.
No Brasil, as agências vendiam os pacotes de trabalho para 1.000 pessoas por até R$ 15 mil. O consulado concedia 200 vistos. Ao chegar nos EUA, 150 pessoas que pensavam estar empregadas ficavam sem trabalho, dormindo no chão de alojamentos e sem dinheiro.
Os outros 800 que tiveram os vistos indeferidos também foram lesados, pois não receberam de volta o dinheiro pago às agências, conforme a denúncia.
O esquema era comandado, no Brasil, por Márcio de Castro Ferreira, Alexandre Fernandes e Valquiria Dozzi Batalha, segundo integrantes do Ministério Público Estadual.
Só Ferreira foi preso; os outros suspeitos estão foragidos. Os três tinham ao menos 20 agências. Entre as mais conhecidos estão Work USA, Job USA, TWSO e Job Express. Todas já foram fechadas.
Ontem, a Folha não localizou os advogados de Batalha e Dozzi. Os de Ferreira não atenderam aos telefonemas.
Nos EUA, dois advogados americanos conduziam o grupo. Eles não foram presos. Ontem, houve busca do escritório deles em Orlando -coube à Promotoria local a investigação
O Gaeco pediu à Justiça o bloqueio dos bens dos envolvidos para ressarcir as vítimas.


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