São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2010

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ENTREVISTA

Aluno passa a odiar o escritor, pois não entende o que ele diz

DE SÃO PAULO

Para que gostem de ler, os alunos devem ver o livro dentro de um contexto ou acharão a leitura chata. O alerta é do escritor Marçal Aquino, ganhador do prêmio Jabuti em 2000. (FRw)

 

Folha - O que o sr. acha sobre o desempenho dos brasileiros em leitura no Pisa?
Marçal Aquino -
Eu sempre achei que persiste no Brasil um modelo equivocado de aproximação da leitura, em que o professor dá o livro e dá uma prova em seguida. É raro o professor fazer uma leitura na classe com os alunos.
Para um aluno que está começando a ler, é necessária a contextualização, aprender que o livro tem um significado. Na maioria das vezes, o aluno acha a leitura um troço chato, acha o escritor pentelho e não compreende a dimensão do que deve ser a leitura. Cria-se um inimigo da leitura.

Essa leitura em sala de aula pode fazer com que o aluno se sinta mais atraído?
Sem dúvida. Eu gostava de ler, mas não tinha maturidade para entender os grandes clássicos da literatura brasileira. O que tende a acontecer? O aluno não compreende do que se trata, porque aquilo não tem nada a ver com a experiência de vida dele.

O fato de as escolas se pautarem muito pelo vestibular faz com que se perca o gosto pela leitura?
Isso é uma das razões. [A leitura] é tratada como uma competição, você tem que decorar a obra. O cara passa a odiar o escritor, porque ele não entende o que o escritor está propondo.


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