São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

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Governo pode aliviar punição à TAM por atrasos, afirma Anac

Segundo diretora da agência, prejuízos causados à empresa pela operação-padrão e falta de estrutura também serão analisados

Denise Abreu afirma que é preciso "fazer uma compensação" entre os problemas provocados pela empresa e pelo governo


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo será compreensivo com a TAM ao decidir uma eventual punição à empresa pelo caos nos aeroportos no período natalino e levará em conta falhas da Aeronáutica e da Infraero no cálculo das multas.
É o que diz Denise Abreu, 45, diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Ela integra a diretoria colegiada da Anac, logo abaixo do presidente do órgão, Milton Zuanazzi.
Antes de punir a TAM, a Anac "compensará" prejuízos causados à empresa em 2006 pela operação-padrão dos controladores de tráfego, a falta de balcões de check-in compatível com o porte da companhia e outros casos de responsabilidade federal, como o uso de equipamentos obsoletos. De personalidade forte, Denise Maria Ayres Abreu tem credenciais tucanas e petistas.
Em 1998, trabalhou na Febem no governo Mário Covas (morto em 2001). Em 2003, foi subchefe-adjunta de assuntos jurídicos na Casa Civil de José Dirceu. Foi indicada por Lula em dezembro de 2005 para uma das cinco diretorias da agência.

 

FOLHA - A Anac poderia ter evitado o problema do Natal?
DENISE ABREU -
Manutenção de aeronave é fiscalizada pela Anac na sua atividade regular. O que aconteceu com as seis aeronaves da TAM vamos apurar porque deve estar fora da manutenção corriqueira. Poderíamos ter tratado preventivamente o check-in. Alguns ofícios já foram expedidos à Infraero pedindo a redistribuição de balcões de check-in das empresas que não os utilizam como antes, como a Varig.

FOLHA - A falha da TAM ocorreu depois de uma série de outros problemas. A culpa é só da empresa?
ABREU -
A auditoria vai apontar. Sinceramente, não posso dizer se haverá ou não punição, em que grau será, sem o resultado da auditoria. Se houver razões com bases jurídicas para aplicação de penalidade, ela não é imediata. Instaura-se processo, notifica-se a empresa, com prazo de defesa, para daí aplicar a penalidade, e ela ainda tem dois recursos: pedido de reconsideração na Superintendência de Serviços Aéreos e depois a última instância, a diretoria colegiada.

FOLHA - A Anac levará em conta problemas causados pelo governo?
ABREU -
Se a auditoria desembocar numa conclusão de que alguma infração foi cometida, e a Anac entender que deve aplicar uma penalidade, há que se fazer uma compensação entre a causa provocada pela empresa e todas as razões de ordem de infra-estrutura.

FOLHA - A Anac dará um desconto?
ABREU -
Não quero dizer que a Anac levará isso em conta porque não sei nem se a Anac vai punir, né? Depende da auditoria. Mas, se por hipótese, desembocar num resultado com aplicação de penalidade, serão levados em conta todos os elos que geraram a crise.

FOLHA - E os passageiros?
ABREU -
Se o passageiro foi na SAC [Seção de Aviação Civil, no aeroporto], pegou a reclamação, levou ao Procon, que chamou a empresa e ela ressarciu, não posso puni-la novamente.

FOLHA - O caos acabou?
ABREU -
Acredito que foi estancado. Agora temos de apresentar as soluções para entrar em uma regularidade.


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