São Paulo, quarta-feira, 09 de janeiro de 2008

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Suspeita de febre amarela lota postos de vacinação no DF

Internado desde sexta, funcionário público de 38 anos morreu ontem em Brasília sob suspeita de ter contraído a doença

Na segunda-feira, 30 mil pessoas procuraram postos de vacinação; em média, apenas cem costumam se vacinar em Brasília por dia

ANGELA PINHO
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Morreu ontem em Brasília mais um suspeito de ter contraído febre amarela. Graco Carvalho Abubakir, 38, estava internado desde sexta-feira com sintomas da doença, após ter passado o final de ano em Pirenópolis (GO), região turística de mata e cachoeiras.
O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), disse se tratar de um caso de febre amarela "em definitivo", mas descartou a hipótese de outros casos no DF.
"Neste momento, segundo avaliação dos médicos da secretaria, só este caso pode ser caracterizado em definitivo como febre amarela", disse.
A internação e a morte do paciente, que não era vacinado, levaram milhares de pessoas aos postos de saúde do DF nos últimos dois dias. Segundo cálculo da secretaria de Saúde, apenas na segunda-feira, mais de 30 mil pessoas se vacinaram. Em média, cerca de cem pessoas procuram os postos de vacinação locais. A secretaria não soube informar quantas procuraram os postos ontem.
Abubakir, funcionário do Ministério do Turismo, é a segunda vítima a morrer com sintomas da febre amarela em menos de uma semana no DF. No sábado, outro paciente morreu com suspeita da doença. Ontem, porém, a Secretaria de Saúde afastou a possibilidade da febre amarela nesse primeiro caso e sugeriu infecção bacteriana. A confirmação só deve sair no final desta semana.
Já a possibilidade de febre amarela em Abubakir foi reforçada ontem pela equipe do hospital particular Santa Luzia, onde ele estava internado.
"Fizemos uma confrontação de diversas doenças, e o quadro dele tem todos os elementos da febre amarela", afirmou o médico Henrique Pinhati. Não há data para liberação do resultado da necropsia, que pode confirmar definitivamente a causa.
Abubakir morava no Lago Norte, bairro nobre de Brasília, e foi com a namorada e amigos passar o Ano Novo em Pirenópolis. Segundo Yara Teixeira Bernal, avó de uma das amigas de Abubakir, eles alugaram uma casa na cidade. Sua neta lhe contou que Abubakir estava bem quando chegou ao hospital. Agora, afirma, ela está "desesperada", porque foi aos mesmos lugares que o amigo.
Segundo os médicos, Abubakir começou a se sentir mal na quarta-feira da semana passada. "Enquanto ele estava bem, me disse com precisão grande que, no dia 2, ele iniciou de maneira súbita com mal-estar intenso, náuseas, dor no corpo e febre", disse Pinhati. Dois dias depois, ele chegou à emergência do hospital com queixa gastrointestinal e disfunção respiratória leve. Na tarde de ontem, Graco morreu por falência múltipla de órgãos.
Ele esteve em Pirenópolis de 29 de dezembro a 1º de janeiro. Mas não é possível saber se contraiu a doença em Goiás ou no DF, pois o período de incubação varia de três a dez dias.
Não há notificação da doença no DF desde 2000, quando houve 85 casos no país, o maior número dos últimos 12 anos. Todos os registros foram de febre amarela silvestre. Desde 1942 o Brasil não registra febre amarela urbana, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue.
"A gente ficou preocupado com essa morte do rapaz no Lago Norte", disse a professora Rafaela Rodrigues, 30, que levou as duas filhas para se vacinarem ontem, no posto da quadra 508 sul. Ela enfrentou uma fila de cerca de 150 pessoas.
Na porta do posto, havia um ônibus com funcionários dos ministérios de Minas e Energia e do Turismo que foram tomar a vacina. Hoje mais um ônibus de funcionários está previsto.
Mas a intensificação da vacinação nos últimos dias não funcionou para a roteirista Juliana Lins, 35, que veio do Rio com o marido e dois filhos para passar férias na cidade. Como um dos filhos é um bebê de três meses, que não pode receber a vacina -permitida só a partir dos seis meses-, a família decidiu voltar mais cedo para casa.
Apesar das filas, o estoque de vacinas no país é suficiente, segundo o Ministério da Saúde.


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