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Suspeita de febre amarela lota postos de vacinação no DF
Internado desde sexta, funcionário público de 38 anos morreu ontem em Brasília sob suspeita de ter contraído a doença
Na segunda-feira, 30 mil pessoas procuraram postos de vacinação; em média, apenas cem costumam se vacinar em Brasília por dia
ANGELA PINHO
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Morreu ontem em Brasília
mais um suspeito de ter contraído febre amarela. Graco
Carvalho Abubakir, 38, estava
internado desde sexta-feira
com sintomas da doença, após
ter passado o final de ano em
Pirenópolis (GO), região turística de mata e cachoeiras.
O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda
(DEM), disse se tratar de um
caso de febre amarela "em definitivo", mas descartou a hipótese de outros casos no DF.
"Neste momento, segundo
avaliação dos médicos da secretaria, só este caso pode ser caracterizado em definitivo como
febre amarela", disse.
A internação e a morte do paciente, que não era vacinado,
levaram milhares de pessoas
aos postos de saúde do DF nos
últimos dois dias. Segundo cálculo da secretaria de Saúde,
apenas na segunda-feira, mais
de 30 mil pessoas se vacinaram.
Em média, cerca de cem pessoas procuram os postos de vacinação locais. A secretaria não
soube informar quantas procuraram os postos ontem.
Abubakir, funcionário do
Ministério do Turismo, é a segunda vítima a morrer com
sintomas da febre amarela em
menos de uma semana no DF.
No sábado, outro paciente
morreu com suspeita da doença. Ontem, porém, a Secretaria
de Saúde afastou a possibilidade da febre amarela nesse primeiro caso e sugeriu infecção
bacteriana. A confirmação só
deve sair no final desta semana.
Já a possibilidade de febre
amarela em Abubakir foi reforçada ontem pela equipe do hospital particular Santa Luzia,
onde ele estava internado.
"Fizemos uma confrontação
de diversas doenças, e o quadro
dele tem todos os elementos da
febre amarela", afirmou o médico Henrique Pinhati. Não há
data para liberação do resultado da necropsia, que pode confirmar definitivamente a causa.
Abubakir morava no Lago
Norte, bairro nobre de Brasília,
e foi com a namorada e amigos
passar o Ano Novo em Pirenópolis. Segundo Yara Teixeira
Bernal, avó de uma das amigas
de Abubakir, eles alugaram
uma casa na cidade. Sua neta
lhe contou que Abubakir estava
bem quando chegou ao hospital. Agora, afirma, ela está "desesperada", porque foi aos
mesmos lugares que o amigo.
Segundo os médicos, Abubakir começou a se sentir mal na
quarta-feira da semana passada. "Enquanto ele estava bem,
me disse com precisão grande
que, no dia 2, ele iniciou de maneira súbita com mal-estar intenso, náuseas, dor no corpo e
febre", disse Pinhati. Dois dias
depois, ele chegou à emergência do hospital com queixa gastrointestinal e disfunção respiratória leve. Na tarde de ontem,
Graco morreu por falência
múltipla de órgãos.
Ele esteve em Pirenópolis de
29 de dezembro a 1º de janeiro.
Mas não é possível saber se
contraiu a doença em Goiás ou
no DF, pois o período de incubação varia de três a dez dias.
Não há notificação da doença
no DF desde 2000, quando
houve 85 casos no país, o maior
número dos últimos 12 anos.
Todos os registros foram de febre amarela silvestre. Desde
1942 o Brasil não registra febre
amarela urbana, que é transmitida pelo mosquito Aedes
aegypti, o mesmo da dengue.
"A gente ficou preocupado
com essa morte do rapaz no Lago Norte", disse a professora
Rafaela Rodrigues, 30, que levou as duas filhas para se vacinarem ontem, no posto da quadra 508 sul. Ela enfrentou uma
fila de cerca de 150 pessoas.
Na porta do posto, havia um
ônibus com funcionários dos
ministérios de Minas e Energia
e do Turismo que foram tomar
a vacina. Hoje mais um ônibus
de funcionários está previsto.
Mas a intensificação da vacinação nos últimos dias não funcionou para a roteirista Juliana
Lins, 35, que veio do Rio com o
marido e dois filhos para passar
férias na cidade. Como um dos
filhos é um bebê de três meses,
que não pode receber a vacina
-permitida só a partir dos seis
meses-, a família decidiu voltar mais cedo para casa.
Apesar das filas, o estoque de
vacinas no país é suficiente, segundo o Ministério da Saúde.
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