São Paulo, sábado, 09 de janeiro de 2010

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SP tem 68 pontos novos de alagamentos

37% dos locais inundados neste verão em São Paulo não haviam sofrido com enchentes nas duas estações de chuva passadas

Entre dezembro de 2009 e quinta, 180 ruas, avenidas, praças e viadutos tiveram ao menos um ponto de alagamento na cidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos 37% dos endereços que alagaram neste verão em São Paulo não haviam sofrido com enchentes nas duas últimas temporadas de chuva.
Entre dezembro de 2009 e a última quinta-feira, 180 ruas, avenidas, praças e viadutos tiveram ao menos um ponto de alagamento na cidade, segundo levantamento da Folha no site do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências).
Destes, pelo menos 68 não apareceram nos dados da Prefeitura de São Paulo nos últimos dois períodos de chuva, que para as estatísticas oficiais vão de novembro a abril.
Entre os novos locais, estão ruas como as avenidas Antártica e Europa (ambas na zona oeste), a Nossa Senhora do Sabará (na zona sul) e a rua Oscar Freire, na zona oeste.
Além disso, ainda há casos de ruas que, apesar de terem aparecido nas estatísticas nos anos anteriores, estão alagando em locais onde não costumavam alagar, como a alameda Santos e a avenida Paulista.
A rua Engenheiro Aubertin (na Lapa, zona oeste) é uma das que não estavam na lista de alagamentos dos últimos dois verões. Lá, segundo os moradores, não inundava há dez anos. Na noite do último dia 5, porém, a via chegou a ficar intransitável por quase uma hora.
"Há muito tempo não tínhamos problemas aqui. Mas boa parte da rua ficou debaixo d'água. Carro nenhum passava. Eu vi três que tiveram perda total", diz a administradora Tatiana Filmarelli, 33, que mora há 20 anos no bairro.
A rua leva à sede da Superintendência da Polícia Federal no Estado e teve três quadras interditadas por causa da água.
Para Aluísio Pardo Canholi, especialista em drenagem e autor do Plano de Macrodrenagem do Alto Tietê, alagamentos em áreas altas, que não são em fundos de vale, só ocorrem por problemas de infraestrutura.
Segundo ele, alguns locais da cidade nem sequer têm bocas de lobo e galerias. Em outros locais, o sistema existe, mas pode estar obstruído por lixo.
O secretário das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, disse que a cidade entrou no período de chuvas com o sistema de drenagem -galerias, bocas de lobo, córregos e piscinões- com 100% de sua capacidade.
Para ele, o grande número de alagamentos deste verão é decorrência do aumento do volume de chuva. Em dezembro de 2009, choveu em média 260 mm, enquanto no mesmo mês de 2007, foram 123 mm.
O secretário também afirma que o solo estava mais encharcado porque vem chovendo acima da média desde o segundo semestre do ano passado.
Camargo disse que novos pontos de alagamento ocorrem todos os anos pelo entupimento de bocas de lobo e galerias causados geralmente pelo lixo arrastado pelas enxurradas.
E que, após os alagamentos, as equipes das subprefeituras são acionadas para fazer a limpeza do local. (TALITA BEDINELLI, AFONSO BENITES, EVANDRO SPINELLI E CATHARINA NAKASHIMA)


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