São Paulo, sábado, 09 de janeiro de 2010

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Apesar da motofaixa, índice de acidentes é alto na Sumaré

Em dois anos e meio, 83% dos acidentes com vítimas na avenida envolveram motocicletas

Ainda assim, gestão Kassab vai implantar uma nova motofaixa do centro à Vila Mariana com a justificativa de melhorar a segurança

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo depois da implantação de uma faixa exclusiva para as motocicletas, 83% dos acidentes com vítimas no corredor da av. Sumaré (zona oeste) envolveram esses veículos.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que vai implantar uma nova motofaixa do centro à Vila Mariana com a justificativa de melhorar a segurança, 123 dos 148 acidentes registrados na via durante dois anos e meio (de 2007 ao primeiro semestre de 2009) envolveram as motos -há pelo menos um a cada semana.
Essa proporção é muito superior à média da capital paulista, onde as motocicletas representam 12% da frota e um terço das mortes no trânsito.
O presidente da CET e Secretário de Transportes, Alexandre de Moraes, se recusa a informar os acidentes e mortes no corredor Sumaré antes da implantação da motofaixa, em setembro de 2006, para que seja possível a comparação do número de ocorrências na fase anterior e posterior à medida.
Mas técnicos da CET já declararam que não houve redução de acidentes no corredor.
Relatórios apresentados pela gestão Gilberto Kassab (DEM) ao Contran (Conselho Nacional de Trânsito) mostram que, em maio de 2006, antes da motofaixa, houve dois acidentes com motos na Sumaré; no mesmo mês de 2007, um, e no de 2008, seis. A CET já chegou a divulgar, há quatro anos, que só 17% dos acidentes na Sumaré envolviam motos (8 de 46) -mas não diz se os critérios para computá-los são iguais.
Outro resultado da implantação da motofaixa da Sumaré no corredor das avenidas Noé de Azevedo, Vergueiro e Liberdade (onde ela deve ficar pronta até março) é a diminuição da velocidade dos demais veículos.
Na Sumaré, conforme relatório enviado pela CET ao Contran, houve redução de 21% na velocidade média dos carros, principalmente devido ao estreitamento das demais faixas de tráfego para que a via pudesse receber a motofaixa. Além disso, a velocidade máxima caiu de 70 km/h para 60 km/h.
Há um ano e meio, uma técnica do alto escalão da CET disse à Folha que, embora os acidentes na Sumaré não tivessem caído, houve uma mudança no perfil das ocorrências.
Em 1/3 dos casos, as motos passaram a ser atingidas por outros veículos que invadem a faixa exclusiva para realizar conversões à esquerda (que são proibidas pela sinalização).
A autorização experimental dada à CET pelo Contran para implantar essa medida venceu em setembro de 2008. Desde então, eventuais multas aplicadas aos veículos que invadem a faixa exclusiva das motos na Sumaré não têm validade, segundo o órgão federal. A CET não se manifesta nem diz se tem aplicado essas multas.


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