São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2011

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Estrangeiros testam serviços paulistanos

Em inglês e espanhol, dois estrangeiros usam mímica para se comunicarem na cidade, uma das sedes da Copa

Norte-americano e espanhol mostram que cidade ainda tem que se adaptar para receber muitos turistas em 2014


NATÁLIA ZONTA
DÉBORA YURI

DE SÃO PAULO

"Do you speak English?" e "Hablas español?" foram as perguntas feitas à exaustão pelo músico norte-americano Corey Gorey, 38, e pelo guia e tradutor espanhol Rafael Martin, 36, em SP.
A reportagem convidou os dois para percorrer os principais pontos turísticos da cidade, testando o que é preciso melhorar e o que já está no caminho para não fazer feio em 2014, quando SP será uma das sedes da Copa.
Na lista do "test-drive", entraram o aeroporto de Guarulhos, restaurantes, cafés e bares. Arriscar o português foi proibido, o que fez os dois estrangeiros abusarem da mímica.

AEROPORTO
No colete da funcionária da Infraero, a frase "May I help you?" (Posso lhe ajudar?) empolga Corey. Em inglês, ele pergunta onde fica o balcão de informações. A atendente se atrapalha, diz que não fala inglês e sai procurando alguém que saiba.
Num guichê do piso inferior, Corey pede dicas sobre SP e a atendente, em inglês, diz: "Não fique no centro, é perigoso. Ah, visite a nossa Chinatown, a Liberdade".
Segundo a Infraero, alguns atendentes de colete reforçam a equipe na alta temporada.

TÁXI E METRÔ
Com as indicações de hotéis, Corey procura um táxi. No balcão da Guarucoop, a atendente não gagueja no inglês. "Bom dia. A corrida até a avenida Paulista sai R$ 104,66. Aceitamos cartão de crédito. Quer um jornal?"
Mas nenhum dos motoristas fala o idioma. Fábio Costa, 36, que levou Corey a Paulista, diz pensar fazer um curso.
Na estação Consolação do Metrô, o norte-americano consegue, graças ao bom inglês do funcionário da bilheteria, informação sobre como chegar na estação Sé.
O Metrô diz que serão instaladas placas bilíngues em todas estações até 2013.
O espanhol Rafael Martin começou seu roteiro na estação Trianon-Masp. "Tem bilhete de um dia todo?" A atendente, em português, responde: "Não."

ALMOÇO
Indicado por muitos guias de turismo estrangeiros, o Figueira Rubaiyat é point conhecido dos gringos.
O primeiro contato de Corey é amigável e em português. Quando o garçom percebe que ele é norte-americano, leva o cardápio bilíngue. O restaurante informa que a equipe de garçons tem aulas de inglês e todos estão aptos a servir no idioma.
Já Rafael teve sua maior decepção na cafeteria Santo Grão, na Oscar Freire.
Ele pergunta para a garçonete, em espanhol, o que tem para comer. Ela responde em português. Ele revira o cardápio. Ela olha para o ar.
Rafael pede um suco -sem saber do que é feito- e pães de queijo. O suco verde vem. Os pães de queijo, não.
O Santo Grão diz que 50% da equipe fala inglês e que a casa tem cardápios bilíngues.

BAR
Rafael vai para o boteco Ibotirama, na Augusta, onde é atendido pelo garçom Alex. Rafael pergunta se ele fala espanhol. E inglês? "Não."
Na mesma hora, um mendigo mira a mesa e grita: "Hello! Do you have money [você tem dinheiro]?"


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