São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Autoridades decidem deixar alpinista em pico argentino

Conclusão é que não há como ele ter sobrevivido nem condições para resgate

Chefe da operação diz que irmã e sobrinho de brasileiro concordaram com decisão; no Brasil, família admite morte


GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

JOÃO PEQUENO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Autoridades argentinas e familiares do alpinista brasileiro Bernardo Collares, 46, decidiram ontem, após reunião com uma comissão de resgate, deixá-lo no topo do monte Fitz Roy, de 3.405 metros de altitude.
Especialistas acreditam que não há chances de Collares ter sobrevivido ao acidente que sofreu na última segunda-feira em El Chaltén, extremo sul argentino.
A irmã dele, Erica Collares Arantes, 48, e um sobrinho, que viajaram até a região, concordaram que não há condições para descer com o corpo, segundo a médica Carolina Codó, 41, que coordena a operação.
Caso fosse realizada, seria a operação mais difícil da história da região.
Collares caiu e fraturou a bacia após falha no equipamento de rapel. A alpinista Renata (Kika) Bradford, 34, que o acompanhava, teve de deixá-lo para pedir socorro.
Como ela demorou dois dias até o povoado mais próximo, as autoridades avaliaram que, além de arriscada, a busca seria em vão, porque as chances de sobrevivência eram mínimas.
"Ir a pé é muito arriscado e não temos um helicóptero preparado para uma operação aérea. Quando tivermos uma trégua climática, é possível que escalemos para fotografar o corpo, para que a família o veja e saiba o lugar onde está", disse Codó.
Segundo a médica, ao conhecerem as condições das montanhas, a irmã e o sobrinho compreenderam as dificuldades de remover o corpo.
"Estou preparando uma carta para explicar a todos que a morte por hipotermia é uma das menos dolorosas, e que ele está num dos lugares mais lindos do mundo para um escalador", afirmou.
A Folha não conseguiu falar com a irmã e o sobrinho de Collares. Na tarde de ontem, os familiares que ficaram no Rio não comentaram se há consenso em deixar o corpo de Bernardo no monte.
Um dos irmãos, Leandro Collares, 36, disse que "a palavra oficial da família é a de que ele [o alpinista] está morto". Embora durante o dia ele tenha afirmado que era contra a suspensão das buscas, à noite preferiu não se manifestar sobre isso.


Texto Anterior: Gilberto Dimenstein
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.