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MEIO AMBIENTE
Estado e município tentam ação conjunta na Rodrigo de Freitas, enquanto trocam acusações
Esgoto continua a poluir lagoa do Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
FERNANDA PONTES
da Sucursal do Rio
Enquanto técnicos do governo
do Estado e da Prefeitura do Rio
de Janeiro faziam ontem uma
reunião de bate-boca e promessas
sobre a morte de peixes na lagoa
Rodrigo de Freitas (zona sul do
Rio), lixo e esgoto eram despejados no espelho d'água.
O rio dos Macacos, que passa
pelo morro do mesmo nome (zona sul), uma comunidade carente
sem esgoto, despeja na lagoa todo
os dejetos dos barracos.
De domingo até ontem, foram
retiradas da Rodrigo de Freitas
132 toneladas de peixes e crustáceos mortos. Foi o maior acidente
ambiental em uma área nobre da
zona sul, nos últimos sete anos.
Grupo executivo
Técnicos das administrações
estadual e municipal formaram
um grupo executivo para tratar
do problema, mas a troca de acusações sobre a responsabilidade
pelo acontecido continuou.
O Estado acusa a prefeitura de
ter interrompido a dragagem do
canal do Jardim de Alá, que liga o
mar à lagoa, dificultando a oxigenação da água. Para o município,
o despejo de esgotos na Rodrigo
de Freitas é o principal motivo da
mortandade de peixes.
O presidente da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), Alberto Gomes, prometeu
iniciar em dez dias o monitoramento da rede de esgoto da lagoa,
para encontrar pontos clandestinos de despejo. A intenção é investir R$ 560 mil no trabalho, que
deverá ser feito por robôs.
A Rio Águas, empresa municipal que faz a limpeza do canal, informou que vai fazer uma coleta
semanal da água da lagoa para verificar o nível de poluição.
O presidente da Rio Águas, Carlos Dias, disse que o assoreamento (obstrução por areia ou por sedimentos quaisquer que provoca
redução da correnteza) do Jardim
de Alá não influi na qualidade da
água e repetiu que a Cedae joga
esgoto na lagoa. "Nossos exames
indicaram que a salinidade da
água da lagoa é zero, ou seja, o
trânsito de água do mar pelo canal não influi em nada."
Cedae
O presidente da Cedae negou
que a empresa -um ponto frágil
do governo Anthony Garotinho
(PDT), já responsabilizada pela
poluição nas praias- jogue esgoto no local. "Se vão acusar a Cedae, então vamos falar da limpeza
do canal. Não quero mais saber de
quem é a culpa, quero uma solução", disse Gomes.
Garotinho anunciou que passará parte do dia amanhã na sede do
órgão, "com a tesoura afiada para
fazer com que a Cedae tenha recursos para investir".
A Rio Águas disse que, em 60
dias, receberá o estudo encomendado à empresa portuguesa
LNEC (Laboratório Nacional de
Engenharia Civil de Lisboa)
apontando soluções para os problemas da lagoa.
Uma das alternativas em discussão é o alargamento do canal
do Jardim de Alá de 10 metros para 30 metros.
O oceanógrafo David Zee, professor da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro, vai integrar o
grupo de discussão sobre a lagoa.
Ele sugeriu a construção de
"caixas de sedimentação" para
evitar que as galerias de águas
pluviais (que não são de esgoto,
mas conduzem óleo, água suja e
matéria orgânica) sejam lançadas
diretamente na lagoa. "Nessas
caixas, parte do material poluente
ficaria depositado, reduzindo a
sujeira na lagoa", afirmou.
Pescadores
Outra sugestão foi o pagamento
de indenizações a 34 famílias que
sobrevivem da pesca na região. A
proposta será encaminhada ao
governador Garotinho e ao prefeito do Rio de Janeiro, Luiz Paulo
Conde (PFL).
O presidente da colônia de pescadores Z-13, Pedro Marins, disse
que as famílias estão sem sua
principal fonte de renda. Os pescadores estão ajudando na retirada dos peixes mortos. "Ainda não
recebemos nada por esse trabalho, estamos gastando nossas economias e não sabemos o que vai
acontecer", afirmou.
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