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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

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BANCO DE ALIMENTOS

Dos 400 mil "superpobres" da capital paulista, 30 mil são atendidos por programa da prefeitura

Comida chega a apenas 7,5% do público-alvo

EDUARDO ATHAYDE
DO "AGORA"

O Banco de Alimentos da Cidade de São Paulo, criado em dezembro de 2001 pela prefeitura para intermediar a entrega de comida aos carentes paulistanos, atendeu em média 30 mil pessoas por mês até janeiro de 2003.
A cidade, porém, tem 400 mil "superpobres", segundo o Mapa de Vulnerabilidade Social, elaborado pelo CEM-Cebrap (Centro de Estudos da Metrópole do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O mapa é o principal estudo usado pelo Banco de Alimentos, segundo o coordenador do programa, Walter Codo.
Isso significa que 92,5% dos paulistanos com mais alta privação social não são atendidos.
A abrangência do programa da prefeitura é medida com base no número de assistidos pelas associações cadastradas.
A Secretaria do Abastecimento, responsável pelo programa, também não consegue atender a avalanche de entidades assistenciais e ONGs (organizações não-governamentais) que a procuram. De acordo com números da própria prefeitura, mil instituições estão cadastradas no Banco de Alimentos. Dessas, porém, só 70 receberam doações em 2002. "As outras instituições ficam em uma fila de espera", disse Codo.
Segundo ele, os principais critérios da prefeitura para avaliar quais entidades vão receber as doações são ser uma entidade assistencial efetiva e estar presente nos bolsões de pobreza da cidade.

Variedade
Outro problema enfrentado pelo programa é quanto à variedade dos alimentos. Codo diz que a população mais pobre corre o risco de ter acesso a apenas um tipo de comida se as doações não forem variadas.
"A gente não tem a proposta de atender 100% dos interesses das entidades cadastradas. Elas [entidades" também recebem auxílios de outras fontes, o que pode resultar noutro tipo de comida", disse. Segundo o coordenador, a única maneira de garantir a diversidade de alimentos distribuídos às pessoas atendidas pelo programa é possibilitar doações em dinheiro.
"Se eu tivesse uma doação em dinheiro, poderia efetivamente controlar o que cada pessoa recebe. Se não entrasse arroz nas doações, eu iria lá, compraria e complementaria", afirmou Codo.
No que depender da prefeitura, entretanto, o Bolsa Alimento está longe de ter acesso a dinheiro. Segundo Codo, no Orçamento 2003, há só R$ 1.000 para o programa. "É apenas um valor simbólico."


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