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COMPORTAMENTO
Virgindade não é considerada importante
Brasileiro inicia vida sexual por volta dos 14 anos, diz pesquisa da Unesco
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pesquisa inédita sobre juventude e sexualidade, divulgada ontem pela Unesco em Brasília,
aponta que jovens brasileiros começam a ter relação sexual com
cerca de 14 anos e não atribuem
importância à virgindade.
Por outro lado, mais de um terço dos alunos pesquisados (com
idade entre 10 e 24 anos) acredita
que seus parceiros têm relação sexual apenas com eles, sendo que
80% recusam a perspectiva de
existir amor sem fidelidade. Em
média, 70% indicam manter relação com apenas uma pessoa.
A pesquisa ouviu 16.422 alunos
de 241 escolas públicas e particulares de 13 capitais mais o Distrito
Federal. Eles representam um
universo de 4,658 milhões de jovens entre 10 e 24 anos. Os questionários, aplicados em 2001, também foram direcionados a 4.532
pais e 3.099 professores deles.
A pesquisa mostra que, em quase todas as capitais, mais de 10%
dos alunos entre 10 e 14 anos já tiveram relação sexual. A idade média em que tiveram a primeira relação varia, para meninos, de 13,9
(Cuiabá) a 14,5 anos (Florianópolis) e, para meninas, de 15 (Porto
Alegre) a 16 anos (Belém).
Quando se trata de discriminação e violência, um dado preocupante está relacionado ao homossexualismo. Em média, 27% dos
jovens (o que representaria 1,255
milhão de pessoas) dizem que
não gostariam de ter um homossexual como colega de classe.
Ao classificar seis ações consideradas mais violentas, bater em
homossexual aparece em terceiro
lugar para as meninas, atrás de
atirar em alguém e estuprar, e em
sexto para os meninos, após uso
de drogas, roubo e andar armado.
Ao abordar a gravidez, a pesquisa aponta que entre 12,2% (Florianópolis) e 36,9% (Recife) das alunas disseram já ter ficado grávida
alguma vez. Pelas projeções feitas
para o país, isso representaria
107.076 adolescentes.
"A sexualidade é tratada ou na
aula de ciências ou por meio de
palestras, que os alunos dizem
não agüentar mais. Discutir sexualidade não é falar de espermatozóide, mas deixar o jovem dizer
o que acha", diz Miriam Abramovay, uma das três responsáveis
pelo estudo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura).
A pesquisa aponta que, em média e no universo do estudo, as
adolescentes ficam grávidas pela
primeira vez aos 16 anos, o que é
classificado com um "problema".
Na faixa entre 10 e 14 anos, o índice de meninas que declaram ter ficado grávidas varia de 22,2% a
33,3%. Para Abramovay, tanto família como escola não atendem às
necessidades dos jovens. Um dos
empecilhos para o diálogo entre
pais e filhos sobre sexo pode ser o
nível de conhecimento, já que um
terço diz não ter informações.
Em média, a cada dez jovens entrevistados, nove disseram utilizar algum tipo de método para
evitar a gravidez. Entre 42% e
68,3% dos jovens afirmam alguém que já fez aborto.
Um dos dados preocupantes está relacionado ao uso do preservativo: em média, 8,7% dos jovens
que têm relação sexual afirmam
nunca ter usado camisinha. Segundo a pesquisadora Mary Garcia Castro, isso representaria, pela
projeção, 808.624 adolescentes.
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