São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2005

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REDUTO DO CRACK

Operação em área degradada no centro de SP inclui 220 policiais e pintura de calçadas; estrangeiros foram detidos

"Cracolândia" ganha repressão e ações sociais

RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das áreas mais degradadas do centro de São Paulo e principal ponto de venda e consumo de crack acordou ontem tomada por 220 policiais. A ofensiva policial, batizada de Operação Limpa, manterá até sexta na "cracolândia" um efetivo na região que já abrigou a elite cafeeira e que, na década de 1990, virou reduto de traficantes e prostitutas, fruto da degradação contínua desde a segunda metade do século passado.
A meta é revitalizar o local, próximo à estação da Luz. Iniciativas sociais, como trabalhos com traficantes e prostitutas, a pintura de calçadas e a troca de iluminação, terão duração ainda maior.
Por enquanto, o foco principal é a repressão policial, resultado de uma parceria entre os órgãos dos governos tucanos do Estado e da capital paulista e a Polícia Federal. Aliado a isso, teve início anteontem a pintura de sarjetas, a limpeza de ruas e calçadas e a troca de placas de sinalização.
No balanço do primeiro dia, foram abordadas 740 pessoas. De 70 estrangeiros detidos pela PF, 3 seguem presos, por resistência, porte de documento falso e porte de cocaína. Os demais terão a documentação verificada. A maioria era nigeriana, mas havia também bolivianos e peruanos. Segundo a PF, quem for clandestino será notificado para deixar o país e autuado em no máximo R$ 800.
Outras 670 pessoas foram abordadas pelas polícias Civil e Militar. Cinco foram detidas em flagrante por porte de drogas e 11 serão investigadas por suspeita de ligação com diversos crimes.
As ações das polícias Civil e Militar focavam a busca de traficantes e de pessoas foragidas. Mas resultou também na apreensão de 4.000 CDs piratas, entre eles cópias de arquivos da Receita Federal e de programas para clonagem de telefones celulares.
Duas bases móveis, uma da Polícia Civil e outra da Militar, também foram instaladas na rua General Couto de Magalhães, uma das que compõem a área mais crítica da "cracolândia". Ficam a menos de cem metros uma da outra e perto de pontos como o jardim e a estação da Luz, a Pinacoteca do Estado e a Sala São Paulo, pólos culturais e de lazer que passaram por reformas recentes para melhorar o visual da região e atrair os paulistanos.
A base da Civil funcionará até a sexta-feira, das 7h às 17h. A base da PM, que funciona desde o final de semana, fica aberta 24 horas e não tem prazo para sair do local.

Revitalização
A "cracolândia" fica em uma região que foi um dos berços da aristocracia cafeeira paulista e que entrou em processo de degradação na segunda metade do século passado. A ocupação do local por traficantes e prostitutas ocorreu na década de 90. De lá para cá, outras administrações propuseram a revitalização do local, sem nunca tirar a idéia do papel.
A ação policial é um dos primeiros passos da recuperação e da reocupação proposta pela prefeitura, que inclui a atração de faculdades particulares para o local.
Há dez dias funcionários da Subprefeitura da Sé começaram uma triagem dos moradores de rua e de usuários de drogas para definir metas de encaminhamento a abrigos. Na última segunda começaram também as pinturas de sarjetas e de sinalização de ruas e a troca de placas.
"Também intensificamos a limpeza da área. Nosso trabalho é integrar as ações de segurança, com a ordenação do local para iniciar a revitalização", disse o subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo.
O próximo passo será a troca da iluminação com problemas e as ações sociais voltadas aos usuários de drogas e às prostitutas.


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