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REDUTO DO CRACK
Operação em área degradada no centro de SP inclui 220 policiais e pintura de calçadas; estrangeiros foram detidos
"Cracolândia" ganha repressão e ações sociais
RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das áreas mais degradadas
do centro de São Paulo e principal
ponto de venda e consumo de
crack acordou ontem tomada por
220 policiais. A ofensiva policial,
batizada de Operação Limpa,
manterá até sexta na "cracolândia" um efetivo na região que já
abrigou a elite cafeeira e que, na
década de 1990, virou reduto de
traficantes e prostitutas, fruto da
degradação contínua desde a segunda metade do século passado.
A meta é revitalizar o local, próximo à estação da Luz. Iniciativas
sociais, como trabalhos com traficantes e prostitutas, a pintura de
calçadas e a troca de iluminação,
terão duração ainda maior.
Por enquanto, o foco principal é
a repressão policial, resultado de
uma parceria entre os órgãos dos
governos tucanos do Estado e da
capital paulista e a Polícia Federal.
Aliado a isso, teve início anteontem a pintura de sarjetas, a limpeza de ruas e calçadas e a troca de
placas de sinalização.
No balanço do primeiro dia, foram abordadas 740 pessoas. De 70
estrangeiros detidos pela PF, 3 seguem presos, por resistência, porte de documento falso e porte de
cocaína. Os demais terão a documentação verificada. A maioria
era nigeriana, mas havia também
bolivianos e peruanos. Segundo a
PF, quem for clandestino será notificado para deixar o país e autuado em no máximo R$ 800.
Outras 670 pessoas foram abordadas pelas polícias Civil e Militar. Cinco foram detidas em flagrante por porte de drogas e 11 serão investigadas por suspeita de
ligação com diversos crimes.
As ações das polícias Civil e Militar focavam a busca de traficantes e de pessoas foragidas. Mas resultou também na apreensão de
4.000 CDs piratas, entre eles cópias de arquivos da Receita Federal e de programas para clonagem
de telefones celulares.
Duas bases móveis, uma da Polícia Civil e outra da Militar, também foram instaladas na rua General Couto de Magalhães, uma
das que compõem a área mais crítica da "cracolândia". Ficam a
menos de cem metros uma da outra e perto de pontos como o jardim e a estação da Luz, a Pinacoteca do Estado e a Sala São Paulo,
pólos culturais e de lazer que passaram por reformas recentes para
melhorar o visual da região e
atrair os paulistanos.
A base da Civil funcionará até a
sexta-feira, das 7h às 17h. A base
da PM, que funciona desde o final
de semana, fica aberta 24 horas e
não tem prazo para sair do local.
Revitalização
A "cracolândia" fica em uma região que foi um dos berços da
aristocracia cafeeira paulista e que
entrou em processo de degradação na segunda metade do século
passado. A ocupação do local por
traficantes e prostitutas ocorreu
na década de 90. De lá para cá, outras administrações propuseram
a revitalização do local, sem nunca tirar a idéia do papel.
A ação policial é um dos primeiros passos da recuperação e da
reocupação proposta pela prefeitura, que inclui a atração de faculdades particulares para o local.
Há dez dias funcionários da
Subprefeitura da Sé começaram
uma triagem dos moradores de
rua e de usuários de drogas para
definir metas de encaminhamento a abrigos. Na última segunda
começaram também as pinturas
de sarjetas e de sinalização de ruas
e a troca de placas.
"Também intensificamos a limpeza da área. Nosso trabalho é integrar as ações de segurança, com
a ordenação do local para iniciar a
revitalização", disse o subprefeito
da Sé, Andrea Matarazzo.
O próximo passo será a troca da
iluminação com problemas e as
ações sociais voltadas aos usuários de drogas e às prostitutas.
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