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Protesto deixa hospitais da Paulista ilhados
Engenheiro teve que dirigir pela calçada para levar à maternidade a mulher que entrou em trabalho de parto prematuro
Ambulâncias também tiveram acesso dificultado; manifestação na avenida foi contra a visita do presidente George W. Bush à cidade
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Percorrer ruas na contramão
e andar com o carro sobre calçadas foi a forma que o engenheiro Fábio encontrou para
chegar até a maternidade Pro-Matre, na região da avenida
Paulista (zona central de São
Paulo), na tarde de ontem.
Sua mulher, com seis meses
de gestação, entrou em trabalho de parto prematuro e teve
que ser levada às pressas à maternidade. Nervoso, Fábio reclamava do caos em que se encontrava a região da Paulista,
paralisada devido a uma manifestação contra a visita do presidente norte-americano,
George W. Bush, à cidade.
"É um absurdo a cidade parar
por conta de protesto", declarou ao entrar no hospital, localizado na rua Peixoto Gomide.
Ao fundo se ouviam as explosões do conflito entre manifestantes e policiais na avenida
Paulista. Cerca de dez minutos
depois, chegou à maternidade o
pastor evangélico Saulo Gomes
de Oliveira para visitar o neto
Lucca, que nascera anteontem.
Ele demorou duas horas e
meia para chegar ao hospital,
trajeto que normalmente faria
em 50 minutos. "Por que eles
não vão protestar na Berrini
[avenida Luís Carlos Berrini]?
Não é para lá que o Bush vai?"
A mesma indignação mostrava a professora Maria Aparecida Oliveira a caminho do hospital Nove de Julho. Ela iria visitar a mãe, que está com câncer,
internada no hospital.
"Demorei quase três horas.
Imagine se estivesse com minha mãe dentro do carro", disse
ela, que mora no Tatuapé.
Ambulâncias
A manifestação na avenida
Paulista prejudicou também o
acesso das ambulâncias aos
hospitais da região.
Ambulâncias que vinham do
bairro Paraíso e da avenida 23
de Maio para hospitais como
Clínicas, Incor e Beneficência
Portuguesa perdiam até 20 minutos no congestionamento
formado pela interdição da
Paulista na altura da praça Oswaldo Cruz (Paraíso).
Um dos hospitais mais afetados foi o Santa Catarina, que fica no começo da avenida Paulista. O acesso ao estacionamento da unidade ficou fechado entre 15h e 17h.
Pacientes que vinham do Paraíso em direção à Paulista tinham de caminhar pelo menos
duas quadras para chegar ao
Santa Catarina.
Um motorista chegou a discutir com o fiscal de trânsito
que fazia a interdição do acesso
à avenida. "Estou com criança
recém-nascida e doente no carro. Preciso chegar ao hospital.
Quem vai se responsabilizar? É
você?", reclamou.
Um funcionário do hospital
explicou que, para chegar à unidade, o paciente ou visitante
precisava estacionar o carro
longe e caminhar. Ambulâncias
tinham acesso pela rua Cincinato Braga.
Muitos pacientes, já prevendo a confusão na região da avenida Paulista, desmarcaram
suas consultas médicas ontem.
Em uma clínica de acupuntura na alameda Fernão Cardim,
por exemplo, 13 pessoas cancelaram suas consultas na tarde
de ontem. "O paulistano já está
precavido e foge de situações
que vão lhe dar dor de cabeça,
disse a médica Lilian Takeda.
A ginecologista Claudia Gazzo teve pelo menos três consultas canceladas, o equivalente a
R$ 700. Outras pacientes tinham que marcar cirurgia e
não apareceram no consultório
para acertar os detalhes. "É
uma dor de cabeça e um prejuízo que ninguém cobre."
Colaborou EVANDRO SPINELLI , da Reportagem
Local
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