São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2011

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YOSHIKO HANASHIRO (1908-2011)

Japonesa centenária de Okinawa

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Quem escolheu o marido de Yoshiko foi sua família. Mas quando o fizeram, o pretendente não estava mais no Japão. Seian Hanashiro tinha se mudado para o Brasil.
Yoshiko casou-se com ele mesmo assim, em 1927, por procuração. Ela, no Japão, onde nasceu, na ilha de Okinawa; ele, em Itariri, no litoral sul de São Paulo.
No ano seguinte, a moça tomou um navio e, 56 dias depois, desceu no Brasil. Foram morar na cidade onde o marido já dava aulas de japonês para filhos de imigrantes e cultivava bananas.
Apesar de formada professora, ela não deu aulas -ajudou o marido na roça. No Brasil, como lembra o filho Anacleto, Yoshiko adotou informalmente o nome Maria.
Em 1939, pouco antes de a Segunda Guerra começar, o casal decidiu levar os cinco filhos ao Japão, para que eles pudessem estudar e ter contato com a cultura japonesa. Mas o conflito estourou, com os filhos lá. A mãe ficou sem vê-los até 1948, quando eles finalmente retornaram.
Com uma cunhada e uma prima, ela montou uma pensão para atender professores e viajantes em Itariri, onde viveu até 1949. A família toda se mudou para São Paulo.
Na capital paulista, tiveram um hotel e um armazém de secos e molhados no Jabaquara, na zona sul, que Yoshiko ajudou a administrar.
Sociável, gostava de festas, de cantar e de fazer haicai, tipo de poesia japonesa.
Há dez anos, foi ao Japão pela última vez, num festival que reúne os descendentes de Okinawa. Viúva desde 1989, morreu no último dia de fevereiro, aos 102. Deixa oito filhos, netos e bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br


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