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CAMINHO PERIGOSO
Obra em São Caetano custou R$ 6,7 mi, mas está fechada devido à presença de material tóxico
Viaduto é feito sobre área contaminada
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
JOSÉ CARLOS PEGORIM
DA REDAÇÃO
Um viaduto que custou R$ 6,7
milhões, em São Caetano do Sul
(ABC paulista), ainda não pode
ser usado pelos motoristas porque uma de suas saídas foi construída sobre uma área contaminada com mercúrio e BHC, um
poderoso inseticida proibido em
grande parte do mundo.
O viaduto corta o terreno de
uma antiga fábrica do grupo
Matarazzo, responsável pela
contaminação. A prefeitura, que
fez a obra no tempo recorde de
dez meses, tinha em mãos desde
1997 um estudo da Cetesb (agência ambiental) sobre o caso.
Segundo a Cetesb, o BHC pode
causar leucopenia -uma diminuição dos glóbulos brancos,
que fazem a defesa do organismo. O contato com o mercúrio
pode causar danos ao sistema
nervoso central.
No final de fevereiro, a obra foi
embargada pela Justiça a pedido
do Ministério Público. Agora, o
viaduto poderá ser liberado para
tráfego só se for feito um muro
de isolamento em torno da obra.
A administração promete para
já os muros, mas os estudos demoram 90 dias.
Segundo Luiz Antonio Brun,
52, gerente responsável pelo
ABC na agência ambiental, em
agosto passado a Cetesb fez uma
vistoria e constatou que a obra
não entrava na área contaminada. Em fevereiro, no entanto, os
técnicos voltaram ao local e verificaram que parte da pista que liga o viaduto à avenida do Estado
atingira o solo contaminado.
Os operários da construtora
Emparsanco tiveram contato
com o solo contaminado e tomavam leite (que alivia o enjôo).
Procurada, a empresa não se
pronunciou sobre o problema.
Outro lado
"Se houvesse esse risco que está sendo propalado pela imprensa, quem passa pela avenida do
Estado também correria perigo e
ela deveria ser interditada pela
Cetesb", afirmou o secretário de
Assuntos Jurídicos da prefeitura, João da Costa Faria.
Segundo ele, em 1997 a Cetesb
fez um estudo "preliminar" com
uma empresa alemã. "Ao lado
da obra há uma fábrica do filho
da Maria Pia Matarazzo que está
funcionando normalmente. Não
entendemos porque há tamanho alarde a respeito."
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