São Paulo, sábado, 09 de abril de 2005

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VIOLÊNCIA SEXUAL

Universitários acusados de estupro dizem correr risco
Alunos temem ataque em cela

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Os três jovens acusados de estuprar uma colega de universidade de 24 anos dizem, por meio de seus advogados, correr o risco de serem atacados por outros presos no 2º DP de Campinas (SP).
Os estudantes dividem uma cela de cerca de 15 m2 com outros dois acusados de estupro.
"Eles estão em uma cela pouco ventilada e escura, além de correrem sério risco de serem atacados. Apesar de existir uma grade separando, o risco existe", disse o advogado de dois alunos, Marcelo Murillo de Almeida Passos.
Segundo os advogados, os rapazes estão abatidos e apreensivos. Eles alegam inocência.
A advogada do outro acusado, Maria da Glória Cavalcanti Dardenne, entrou ontem com pedido na Justiça de reconsideração de mandado de prisão. "Não posso me manifestar sobre o caso porque corre sob segredo de Justiça. Mas pedi o relaxamento da prisão com base na inocência dele."
Já Passos pretende entrar com habeas corpus para os outros dois acusados após o depoimento dos três, marcado para quarta.
Os três estudantes presos, um de jornalismo e dois de arquitetura, são alunos da PUC-Campinas.
O advogado da universitária, Ralph Tórtima Stettinger Filho, disse ontem que os três acusados presos estupraram a moça em um banheiro na república Capela, em Campinas, após um churrasco promovido por estudantes. Ela estaria inconsciente, após ter tomado uma bebida e passado mal.
"Os exames médicos realizados na vítima atestam que ela foi violentada", disse o advogado da moça. O advogado Passos nega que ela estivesse inconsciente.
Segundo familiares, a universitária está deprimida e conta com acompanhamento psicológico.
Além dos três alunos já presos, a polícia apura a possível participação de outros cinco, por omissão.
Dos cinco investigados, três moram em uma república vizinha e teriam sido chamados para olhar pela janela do banheiro o que acontecia com os colegas.
O quarto estudante teria tirado uma foto da garota e dos supostos estupradores. O quinto teria um relacionamento amoroso com a garota, mas estaria dormindo na hora do suposto estupro.
O caso ocorreu no dia 8 de dezembro de 2004. No boletim de ocorrência que registrou no dia seguinte, a estudante conta ter acordado, nua e com diversos hematomas A polícia abriu inquérito no dia 17 de dezembro.
De acordo com a polícia, laudo pericial em fitas de gravações telefônicas feitas pela universitária em conversa com os três acusados dias após o crime deve ficar pronto na próxima semana.
Segundo o advogado da moça, as gravações são importantes porque os três acusados confirmam, nessas conversas, que ela estava inconsciente no banheiro.


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