|
Próximo Texto | Índice
MENTE SÃ
É o índice de moradores dessa região que necessita de tratamento, diz estudo ligado à OMS que já ouviu 3.000 pessoas
10% da Grande SP precisa de psiquiatra
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um em cada dez moradores da
Grande São Paulo, a maior região
metropolitana do país, precisa de
tratamento psiquiátrico. É o que
diz um levantamento executado
pelo Hospital das Clínicas para
um estudo que a Organização
Mundial da Saúde (OMS) promove em 28 países. A pesquisa São
Paulo Megacity também indica
que cerca de 40% dos moradores
dessa região sofrem de algum tipo
de transtorno psiquiátrico -leve,
moderado ou grave.
Os números, altos, não assustam os médicos, já que levam em
conta todas as doenças psiquiátricas -de dependência à nicotina a
síndrome do pânico, incluindo
depressão e bulimia. As estatísticas fazem parte do levantamento
preliminar da pesquisa, que visa
determinar a incidência e o tipo
de transtornos psiquiátricos que
vêm atingindo a população.
A pesquisa integra o Estudo
Mundial de Saúde Mental Social,
da OMS, promovido em países
como EUA, França, Alemanha,
Nigéria, Colômbia e México.
No Brasil, ela teve início em
maio do ano passado e deve levar
mais um ano para ser concluída.
Já foram entrevistados cerca de
3.000 habitantes da Grande São
Paulo (de todas as classes sociais,
com 18 anos ou mais, divididos
por sexo), e serão ouvidos mais
2.500. "Cerca de 40% desses 3.000
pesquisados mostraram algum tipo de transtorno, mas ainda não
sabemos quantos são leves, graves", diz a coordenadora do projeto, Laura Helena Silveira Guerra
de Andrade. "A estimativa é que
cerca de 10% precisam de tratamento." Este pode ser uma terapia ou incluir o uso de remédios.
Miguel Jorge, professor do departamento de psiquiatria da
Unifesp, diz que as estatísticas
comprovam o que acontece nos
hospitais. "Se considerarmos as
dependências aos produtos químicos, como álcool e nicotina, os
transtornos devem atingir cerca
de 40% da população", afirma. "E
acredito que o número de pacientes que precisam de tratamento
em algum momento da vida pode
chegar a até 20%. Essa pesquisa
nos dará mais dados."
A São Paulo Megacity é formada
pela fase domiciliar, onde as pessoas são ouvidas em casa, e pela
hospitalar, na qual cerca de 750
entrevistados serão acompanhados por médicos do HC. "Faremos exames psiquiátricos, clínicos e até genéticos para encontrar
as causas dos transtornos", diz
Andrade. "Ela está no início. Por
enquanto temos 70 pacientes."
Dos países participantes do estudo, 14 concluíram seus projetos
e estão apresentando resultados.
Na Nigéria, 80,9% apresentaram
algum transtorno em até 12 meses
antes da entrevista. No outro extremo vem a China, com 4,3%.
As doenças mais comuns, excluída a dependência da nicotina,
são ansiedade e depressão. "Por
aqui, os dados não deverão ser
muito diferentes", diz Andrade.
"As mulheres sofrem mais dessas
doenças. O homem tem mais dependência química, como a do álcool. Com dados concretos, poderemos melhorar as ações do sistema público de saúde."
A ansiedade e a depressão, diz,
têm se tornado cada vez mais comuns. "Além de termos diagnóstico mais preciso, o cotidiano está
mais estressante. Recebemos informações de todos os lados e temos cada vez mais tarefas."
Um dos exemplos mais comuns
é a busca à todo custo pela magreza. "Mulheres mais radicais não
correm o risco só de ter bulimia.
Podem apresentar depressão, ansiedade e até fobia. A prevenção
deve focar na troca de hábitos."
Próximo Texto: Metodologia: Pesquisa utiliza o Censo 2000 para definir entrevistado Índice
|