DA REVISTA DA FOLHA

Quem matou Odete Roitman? Esse mistério também prendeu Francelino Gomes, 28, no outro lado do Atlântico, à trama de "Vale Tudo". Morador de Bissau, em Guiné-Bissau, na África, era por meio das novelas e de um programa de rádio que ele formava suas primeiras impressões sobre o Brasil.
Ao chegar ao país, há cerca de dois anos e meio, o mistério que encontrou foi outro: o povo que viu nas ruas de São Paulo era diferente daquele retratado na televisão. "Eu achava que vocês eram mais brancos."
Aqui, ele tem de convencer seus ouvintes de que lá as pessoas não vivem num eterno safári. "Sabe quando eu vi um leão pela primeira vez na minha vida? Num zoológico no Paraná!"
A muitos, precisa explicar que o continente não abriga uma cultura homogênea: "No meu país, o cardápio inclui muito arroz e peixe. No Cabo Verde, é o feijão. Em Angola, a farinha de mandioca." E o cardápio brasileiro? Francelino brinca: chocolate. "Nunca tinha ouvido alguém dizer que ama chocolate. Aqui, as pessoas adoram. A primeira vez que eu vi um ovo de Páscoa no mercado, achei que era feito de qualquer outra coisa. É muito chocolate para uma pessoa só."
Francelino, que estuda enfermagem, sonha aplicar, em Guiné-Bissau, tudo o que aprendeu no Brasil.


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