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Alemão estranha falta de liberdade
DA REVISTA DA FOLHA
Jordi Bauer, 15, se adaptou facilmente a certos prazeres brasileiros: virou fã de feijoada -mesmo
sem saber exatamente o que vai
dentro da panela-, deliciou-se
com a coxinha de frango de um
botecão na avenida Ibirapuera e
adora o som do rapper carioca
Marcelo D2, tanto faz se compreende as rimas ou não (e nesse
aspecto não difere muito de outros jovens nativos).
Mesmo há sete meses no país,
um costume brasileiro o garoto
de Karlsruhe, no sul da Alemanha, não conseguiu assimilar: a
falta de liberdade para circular sozinho pela cidade.
Logo que chegou a São Paulo,
depois de ter sido "adotado" por
uma família do Brooklin (zona
sul), Jordi foi fagocitado pela mesma bolha protetora que isola outros adolescentes de classe média
dos temidos perigos urbanos. O
único transporte público que o
garoto conheceu foi o ônibus do
colégio Humboldt, onde faz o segundo ano do ensino médio.
Em sua terra natal, com cerca de
280 mil habitantes, ele carregava a
chave de casa e andava pelas ruas
tranqüilamente, fosse dia ou noite. "Eu pegava bonde sozinho e ia
para os lugares. Aqui, tem sempre
que ter um pai ou uma mãe levando a gente de carro", reclama.
Jordi descobriu o Brasil por
meio de um brasileiro, o estudante Markus Fäustle, 16, filho de
uma brasileira com alemão, que
estudou em Karlsruhe no ano
passado. O pai de Markus, o agente literário Peter Fäustle, 49 (18 de
Brasil), é o responsável por Jordi e
não acha excessiva a precaução.
"Infelizmente é necessária."
Jordi conta que antes de conhecer Markus, só sabia que tinha
uma grande floresta, praias e Carnaval. E agora? "É até um pouco
melhor. O jeito como as pessoas
me tratam, o sol, o futebol... Por
mais comum que possam parecer
para os brasileiros, essas coisas
mexem com a gente."
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