São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2008

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Para advogados de casal, vídeo fortalece a defesa

Gravação mostra Isabella, o pai, a madrasta e os 2 filhos do casal fazendo compras

Nas imagens das câmeras de segurança, a menina aparece brincando com o irmão de 3 anos e de mãos dadas com Anna Carolina

DA REPORTAGEM LOCAL

Os advogados de Alexandre Alves Nardoni, 29, e Anna Carolina Trotta Jatobá, 24, pai e madrasta de Isabella, 5, afirmaram ontem que a divulgação das imagens da família na noite de 29 de março, horas antes da morte da menina, fortalece a defesa do casal -preso desde quinta-feira por suspeita de envolvimento no crime.
O vídeo mostra Isabella, o pai, a madrasta e os dois filhos do casal fazendo compras no Sam's Club, em Guarulhos (Grande SP), por volta das 18h30 daquele sábado.
Nas imagens, a menina aparece brincando com o irmão de três anos, dentro do carrinho de compras empurrado pelo pai e, por várias vezes, de mãos dadas com a madrasta Anna Carolina. O casal chega a se beijar quando se encaminha para a saída do estabelecimento em companhia das crianças.
"O vídeo mostra uma relação harmoniosa entre o pai, a madrasta e os filhos. Todos estão passeando no mercado, de mãos dadas", disse o advogado Rogério Neres, que disse que pretende usar a gravação apresentada à polícia como estratégia de defesa de seus clientes.
"Elas [gravações] reforçam o que havíamos dito: que a família se dava bem e que não havia conflito", disse o advogado Ricardo Martins, que também está no caso.

Roupas
A comparação dessas imagens com as cenas de momentos após o crime mostram que o pai, aparentemente, usava as mesmas roupas -camiseta, bermuda e chinelo.
Isso, de acordo com os advogados, enfraquece a suspeita da polícia de que ele tenha trocado de roupa após o corpo da filha ter sido encontrado caído no jardim do prédio onde o casal vive. Essa linha de investigação havia sido levantada após policiais terem encontrado, no sábado passado, roupas que poderiam ser de Nardoni em um apartamento vazio da irmã dele, Cristiane Nardoni.
Segundo a TV Globo, não foi encontrado sangue nas roupas apreendidas. Assim como também não havia sangue no carro do casal, como foi investigado.
Cristiane, em entrevista à Folha anteontem, afirmou que as roupas pertenciam a um pedreiro que trabalha na reforma do apartamento dela.
Depois de saírem do Sam's Club, a família voltou à casa dos pais de Anna Carolina, também em Guarulhos, onde permaneceram até por volta das 23h. Em seguida, foram para o prédio do casal, na Vila Isolina Mazzei (zona norte de SP). Isabella, segundo a perícia, sofreu uma tentativa de asfixia e foi atirada do 6º andar do prédio.
Policiais do 9º Distrito Policial (Carandiru) foram ao Sam's Club anteontem para pegar as gravações do circuito interno de segurança. Funcionários do local também foram ouvidos pela polícia.
Peritos do Instituto de Criminalística que trabalham no caso disseram que até ontem só haviam visto o vídeo pela TV, pois ele não havia sido repassado oficialmente ao órgão.
A polícia confrontará uma pegada -que seria de um homem- encontrada no lençol do quarto de onde Isabella foi jogada. A polícia apreendeu pares de sapatos do casal para compará-los com a pegada.
O advogado Neres disse não ter tomado conhecimento sobre a questão da pegada, mas disse que o fato de as imagens mostrarem que Nardoni estava de chinelo também ajuda.
Até a noite de ontem, 25 pessoas (entre policiais, familiares e moradores do prédio onde Nardoni vivia) haviam sido ouvidas pela polícia.
Os investigadores também aguardam para o fim dessa semana a chegada das réguas com o rastreamento telefônico das chamadas feitas pelo pai e pela madrasta nos momentos antes e seguintes à morte de Isabella.
Até agora, os defensores do pai e da madrasta ainda não entregaram à polícia a lista com os nomes de possíveis pessoas que poderiam ter ligação com o crime. Na sexta-feira, eles haviam dito que Nardoni havia feito uma lista de suspeitos que seria entregue à polícia. (ANDRÉ CARAMANTE, LUÍS KAWAGUTI, KLEBER TOMAZ E RAFAEL SAMPAIO)

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