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Para advogados de casal, vídeo fortalece a defesa
Gravação mostra Isabella, o pai, a madrasta e os 2 filhos do casal fazendo compras
Nas imagens das câmeras de segurança, a menina aparece brincando com o irmão de 3 anos e de mãos dadas com Anna Carolina
DA REPORTAGEM LOCAL
Os advogados de Alexandre
Alves Nardoni, 29, e Anna Carolina Trotta Jatobá, 24, pai e
madrasta de Isabella, 5, afirmaram ontem que a divulgação
das imagens da família na noite
de 29 de março, horas antes da
morte da menina, fortalece a
defesa do casal -preso desde
quinta-feira por suspeita de envolvimento no crime.
O vídeo mostra Isabella, o
pai, a madrasta e os dois filhos
do casal fazendo compras no
Sam's Club, em Guarulhos
(Grande SP), por volta das
18h30 daquele sábado.
Nas imagens, a menina aparece brincando com o irmão de
três anos, dentro do carrinho
de compras empurrado pelo
pai e, por várias vezes, de mãos
dadas com a madrasta Anna
Carolina. O casal chega a se beijar quando se encaminha para a
saída do estabelecimento em
companhia das crianças.
"O vídeo mostra uma relação
harmoniosa entre o pai, a madrasta e os filhos. Todos estão
passeando no mercado, de
mãos dadas", disse o advogado
Rogério Neres, que disse que
pretende usar a gravação apresentada à polícia como estratégia de defesa de seus clientes.
"Elas [gravações] reforçam o
que havíamos dito: que a família se dava bem e que não havia
conflito", disse o advogado Ricardo Martins, que também está no caso.
Roupas
A comparação dessas imagens com as cenas de momentos após o crime mostram que o
pai, aparentemente, usava as
mesmas roupas -camiseta,
bermuda e chinelo.
Isso, de acordo com os advogados, enfraquece a suspeita da
polícia de que ele tenha trocado
de roupa após o corpo da filha
ter sido encontrado caído no
jardim do prédio onde o casal
vive. Essa linha de investigação
havia sido levantada após policiais terem encontrado, no sábado passado, roupas que poderiam ser de Nardoni em um
apartamento vazio da irmã dele, Cristiane Nardoni.
Segundo a TV Globo, não foi
encontrado sangue nas roupas
apreendidas. Assim como também não havia sangue no carro
do casal, como foi investigado.
Cristiane, em entrevista à
Folha anteontem, afirmou que
as roupas pertenciam a um pedreiro que trabalha na reforma
do apartamento dela.
Depois de saírem do Sam's
Club, a família voltou à casa dos
pais de Anna Carolina, também
em Guarulhos, onde permaneceram até por volta das 23h.
Em seguida, foram para o prédio do casal, na Vila Isolina
Mazzei (zona norte de SP). Isabella, segundo a perícia, sofreu
uma tentativa de asfixia e foi
atirada do 6º andar do prédio.
Policiais do 9º Distrito Policial (Carandiru) foram ao
Sam's Club anteontem para pegar as gravações do circuito interno de segurança. Funcionários do local também foram ouvidos pela polícia.
Peritos do Instituto de Criminalística que trabalham no
caso disseram que até ontem só
haviam visto o vídeo pela TV,
pois ele não havia sido repassado oficialmente ao órgão.
A polícia confrontará uma
pegada -que seria de um homem- encontrada no lençol
do quarto de onde Isabella foi
jogada. A polícia apreendeu pares de sapatos do casal para
compará-los com a pegada.
O advogado Neres disse não
ter tomado conhecimento sobre a questão da pegada, mas
disse que o fato de as imagens
mostrarem que Nardoni estava
de chinelo também ajuda.
Até a noite de ontem, 25 pessoas (entre policiais, familiares
e moradores do prédio onde
Nardoni vivia) haviam sido ouvidas pela polícia.
Os investigadores também
aguardam para o fim dessa semana a chegada das réguas com
o rastreamento telefônico das
chamadas feitas pelo pai e pela
madrasta nos momentos antes
e seguintes à morte de Isabella.
Até agora, os defensores do
pai e da madrasta ainda não entregaram à polícia a lista com os
nomes de possíveis pessoas que
poderiam ter ligação com o crime. Na sexta-feira, eles haviam
dito que Nardoni havia feito
uma lista de suspeitos que seria
entregue à polícia.
(ANDRÉ CARAMANTE, LUÍS KAWAGUTI, KLEBER TOMAZ
E RAFAEL SAMPAIO)
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