São Paulo, quinta-feira, 09 de abril de 2009

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Exército interrompe buscas sem reaver fuzis roubados

Sete armas foram levadas de dentro de um quartel de Caçapava no dia 8 de março

Operação Ypiranga chegou a mobilizar 700 soldados; o Ministério Público Federal abriu uma investigação sobre a ação dos militares

ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP)

Um mês após iniciar uma operação na tentativa de recuperar os sete fuzis roubados de um quartel de Caçapava (116 km de SP), o Exército interrompeu ontem a ação sem conseguir recuperar o armamento.
O Comando Militar do Sudeste informou que a suspensão estava programada, diferentemente do que o próprio Exército dissera antes. "Nós vamos parar somente quando essas armas estiverem de volta ao lugar de onde nunca deveriam ter saído", disse o tenente-coronel José Mateus Teixeira Ribeiro no dia 17 de março -o roubo foi em 8 de março.
Até ontem, porém, a Operação Ypiranga só havia conseguido recuperar um cinto e uma baioneta, levados com os fuzis. Ninguém foi identificado ou preso até agora. Os militares dizem que o inquérito continuará em andamento para recuperar os fuzis, mas sem a tropa nas ruas -a operação chegou a mobilizar 700 homens.
A "desmobilização da tropa" ocorre um dia depois de o Ministério Público Federal anunciar uma investigação sobre a ação militar no Vale do Paraíba.
Para o procurador Fernando Lacerda Dias, 36, a operação -principalmente em São José dos Campos- contrariou a Constituição e o Código de Processo Penal Militar, porque os militares bloquearam ruas. Além disso, havia suspeita de implantação de toque de recolher e agressão de moradores.
O defensor público Jairo Salvador de Souza, 42, de São José, enviou representação ao Ministério Público Federal relatando denúncias de violência envolvendo os militares.
O Exército nega agressões e irregularidades na operação.
O comerciante José Aparecido da Silva, do Campo dos Alemães, disse comemorar a saída dos militares porque perdeu fregueses em seu carrinho de lanches. Antes ele trabalhava até 0h30, mas, com a ação militar, fechava às 22h por falta de freguês. "No começo, eles [os soldados] acompanhavam os policiais nas revistas. Depois, faziam sozinhos. Passavam à noite com carro de som dizendo que tinham autoridade para usar a força, se necessário."
(ROGÉRIO PAGNAN)


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