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Exército interrompe buscas sem reaver fuzis roubados
Sete armas foram levadas de dentro de um quartel de Caçapava no dia 8 de março
Operação Ypiranga chegou a mobilizar 700 soldados; o Ministério Público Federal abriu uma investigação sobre a ação dos militares
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS
CAMPOS (SP)
Um mês após iniciar uma
operação na tentativa de recuperar os sete fuzis roubados de
um quartel de Caçapava (116
km de SP), o Exército interrompeu ontem a ação sem conseguir recuperar o armamento.
O Comando Militar do Sudeste informou que a suspensão estava programada, diferentemente do que o próprio
Exército dissera antes. "Nós vamos parar somente quando essas armas estiverem de volta ao
lugar de onde nunca deveriam
ter saído", disse o tenente-coronel José Mateus Teixeira Ribeiro no dia 17 de março -o
roubo foi em 8 de março.
Até ontem, porém, a Operação Ypiranga só havia conseguido recuperar um cinto e
uma baioneta, levados com os
fuzis. Ninguém foi identificado
ou preso até agora. Os militares
dizem que o inquérito continuará em andamento para recuperar os fuzis, mas sem a tropa nas ruas -a operação chegou a mobilizar 700 homens.
A "desmobilização da tropa"
ocorre um dia depois de o Ministério Público Federal anunciar uma investigação sobre a
ação militar no Vale do Paraíba.
Para o procurador Fernando
Lacerda Dias, 36, a operação
-principalmente em São José
dos Campos- contrariou a
Constituição e o Código de Processo Penal Militar, porque os
militares bloquearam ruas.
Além disso, havia suspeita de
implantação de toque de recolher e agressão de moradores.
O defensor público Jairo Salvador de Souza, 42, de São José,
enviou representação ao Ministério Público Federal relatando denúncias de violência
envolvendo os militares.
O Exército nega agressões e
irregularidades na operação.
O comerciante José Aparecido da Silva, do Campo dos Alemães, disse comemorar a saída
dos militares porque perdeu
fregueses em seu carrinho de
lanches. Antes ele trabalhava
até 0h30, mas, com a ação militar, fechava às 22h por falta de
freguês. "No começo, eles [os
soldados] acompanhavam os
policiais nas revistas. Depois,
faziam sozinhos. Passavam à
noite com carro de som dizendo que tinham autoridade para
usar a força, se necessário."
(ROGÉRIO PAGNAN)
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