RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A força de uma marola com água da chuva fez tombar a geladeira no apartamento de Mauro e Sueli Santiago. Moradores de um conjunto habitacional do PAC, inaugurado em Manguinhos (zona norte do Rio) em dezembro, eles foram surpreendidos pelo alagamento de segunda-feira, que estragou cama e aparelho de DVD e molhou boa parte das roupas.
Vizinhos do casal que moram no térreo dos blocos 3 e 5 também tiveram os apartamentos tomados pela água e perderam móveis e eletroeletrônicos.
A água entrou e atingiu 30 cm de altura. Nos corredores, o alagamento chegava aos joelhos. Em alguns casos, a lama se misturou à sujeira do canal do Cunha, vizinho ao complexo de favelas de Manguinhos.
A água entrou por buracos na varanda de tijolos e também pelos ralos dos banheiros, motivo de reclamação. "Não pode, em uma obra de três meses, subir água pelo ralo interno, não é? Era para terem feito uma obra decente", reclamou Renato Lima, 28, comerciante, que perdeu computador, TV e colchão.
Os moradores contaram que faltou luz e, sem auxílio do poder público, desentupiram os bueiros. A água só baixou na quarta à tarde. "Metemos a mão nos ralos, senão não descia", disse Renato.
Assistindo na TV a cenas de mortes causadas por escorregamentos em Niterói, Mauro Soares ponderou: "A gente reclama por perder móveis, mas lá é uma tragédia".
Com a presença do presidente Lula e de sua pré-candidata à Presidência, Dilma Rousseff, o conjunto habitacional foi entregue em 22 de dezembro. Os conjuntos de prédios de quatro andares, com 416 apartamentos de 46 metros quadrados cada um, custaram R$ 53,2 milhões.
Abrigam aproximadamente 2.000 pessoas e foram erguidos em terreno antes ocupado pelo Exército, próximo ao canal da Cunha, assoreado por lixo e entulho.


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