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Gastos oficiais com estragos superam verba de prevenção
Desde 2004, o governo federal gastou seis vezes mais com reconstruções; critérios de distribuição são questionados
Relatório do TCU sobre 2009 mostra que 90% da verba para prevenção foi para a Bahia, enquanto o Rio não recebeu nada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desde 2004, o governo federal já gastou seis vezes mais
com verbas para reconstruir
áreas atingidas por desastres
naturais que com prevenção
contra esses eventos. É o que
mostra levantamento da ONG
Contas Abertas sobre o orçamento federal no período.
Os dados mostram que foram
gastos entre 2004 e 2010 R$ 2,7
bilhões no item "resposta aos
desastres e reconstrução" contra R$ 412 milhões do item
"prevenção e preparação para
desastres". Em 2010, já foram
liberados R$ 207 milhões para
recuperação e R$ 40 milhões
para prevenção.
A contagem é a partir de
2004, ano em que a verba foi separada em duas partes. Apesar
do gasto menor com prevenção, desde 2004 a verba nestas
duas áreas teve aumento significativo. Segundo o TCU, a verba para o setor em 2004 era de
R$ 260 milhões. No ano passado, chegou aos R$ 2 bilhões,
quase oito vezes mais.
Os critérios de distribuição
do dinheiro para combater desastres foram motivo de uma
reprimenda do TCU ao Ministério da Integração Regional.
Em 2009, segundo relatório do
tribunal aprovado anteontem,
90% do dinheiro liberado para
obras de prevenção a desastres
ficaram no Estado da Bahia,
terra do ex-ministro da pasta
Geddel Vieira Lima.
O Rio, onde a chuva provocou uma catástrofe, não teve
um real liberado.
Questionado sobre a concentração de verbas no ministério
na Bahia, terra natal do ex-ministro e pré-candidato ao governo estadual, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse
que o relatório não é verdadeiro e atacou o TCU:
"Cabe ao Geddel como deputado chamar o cidadão para explicar como pode dizer uma
coisa dessas, dizer que o dinheiro do Rio não foi porque foi para a Bahia. É leviandade de
quem falou. O que eu acho pobre neste país é que as pessoas
esperam acontecer uma desgraça dessa magnitude para
tentar fazer o joguinho político
pequeno", afirmou Lula.
Em nota, o TCU informou
que o processo estava na pauta
de votações desde a sexta-feira
passada e confirmou as informações constatadas pelos técnicos de falta de critério na distribuição das verbas.
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