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Consórcio estuda cobrar mais por Rodoanel
Empreiteiras alegam prejuízo após corte exigido pelo TCU e encarecimento da obra por causa de prazos
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
As empreiteiras do trecho sul
do Rodoanel paulista alegam
ter tido prejuízo com a obra. Ao
menos duas delas, a Odebrecht
e a Constran, do consórcio ArcoSul, já estudam requisitar ao
governo do Estado pagamentos
extras devido ao encarecimento do preço final do anel viário.
Somente a obra civil custou
R$ 3,24 bilhões aos cofres dos
governos de São Paulo e federal, que bancou R$ 1,2 bilhão. O
valor total do empreendimento, que inclui desapropriações e
compensações ambientais, alcançou cerca de R$ 5,1 bilhões.
Os consórcios ainda discutem as diferenças entre o que
receberam e a despesa real, já
que cada um enfrentou percalços distintos na execução do
trecho sul. No mercado, fala-se
em prejuízo de R$ 600 milhões.
Procurado, o secretário de
Estado dos Transportes, Mauro Arce, negou saber do suposto
prejuízo dos consórcios. Uma
representante da Dersa, estatal
de transportes subordinada ao
secretário, porém, participou
de reuniões no Ministério do
Trabalho em que consórcios
apontaram as perdas ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada.
As reuniões ocorreram para
discutir o valor da PLR (participação nos lucros e resultados)
aos operários do trecho sul.
A Folha procurou todas as
empreiteiras líderes dos cinco
consórcios -Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e OAS.
A Odebrecht e a Constran,
responsáveis pelo lote 2, afirmaram de forma sucinta que
avaliam cobrar mais dinheiro
porque executaram "serviços
não previstos no contrato".
Já a Camargo Correa se limitou a confirmar que nada lucrou. As outras empreiteiras
não quiseram falar oficialmente a respeito do assunto.
Ajuste de contas
Os problemas em torno do
Rodoanel ocorrem primeiro
em razão do TAC (Termo de
Ajustamento de Conduta) firmado com o Ministério Público
Federal, em 2009, que reduziu
o valor dos pagamentos previstos em R$ 339,7 milhões.
Sem o TAC, o repasse de recursos federais que chegaram a
R$ 1,2 bilhão para o trecho sul
seria suspenso pelo TCU (Tribunal de Contas da União), que
havia apontado indícios de superfaturamento na obra.
O mesmo acordo restringiu a
concessão de aditivos em dinheiro, o que impediu as empreiteiras de pedir mais recursos, caso surgissem novas despesas, algo comum em grandes
serviços de engenharia.
Chuvas e prazos
Só que, depois, vieram as
chuvas e sucessivos atrasos na
obra, inaugurada incompleta
há uma semana pelo ex-governador José Serra (PSDB), que
deixou o cargo em seguida a fim
de disputar a Presidência.
Sob chuvas e sem poder atrasar a obra, as empreiteiras tiverem que usar métodos mais caros na preparação de terrenos.
O próprio secretário Arce
disse na inauguração do Rodoanel que o trabalho ficou praticamente suspenso em janeiro.
Por causa disso, o governo cobrou agilidade para entregar o
trecho, exigindo mais horas extras, encareceu a obra.
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