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NARCOTRÁFICO
Chefe da polícia colombiana diz que há "forte presença" do crime organizado russo nas Américas
Máfia russa usa Brasil para tráfico de drogas
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
O Brasil transformou-se em um
dos países de "forte presença" da
chamada "máfia russa", em especial no tráfico de drogas.
A denúncia foi feita, em recente
seminário interamericano realizado na Costa Rica, por alguém que,
por dever de ofício, tem a obrigação de estar bem informado sobre
o narcotráfico: o general Rosso José Serrano, chefe da Polícia Nacional da Colômbia (principal produtor mundial de cocaína). "Levantamentos de inteligência detectaram uma forte presença da máfia
russa em todo o continente americano, mas especialmente no Caribe, na Flórida (EUA), na Colômbia e no Brasil", denunciou.
A "máfia russa" surgiu na esteira
do desmantelamento do comunismo na antiga União Soviética e se
infiltrou em todo tipo de negócios,
legais e ilegais. Sua ação na Europa
toda já vinha sendo denunciada há
algum tempo, mas é a primeira
vez que uma autoridade detecta
"uma forte presença" dela também nas Américas.
A informação do general colombiano combina com o balanço que
o Departamento de Estado norte-americano fez, recentemente,
sobre o controle de narcóticos na
América Latina, disponível na Internet, na página www.state.gov.
"O Brasil continua a ser um
grande país de trânsito para drogas ilícitas embarcadas para os Estados Unidos e a Europa", começa
o relatório, referente a 1997.
Mais: "As rígidas leis brasileiras
sobre segredo bancário e sua rede
financeira extremamente desenvolvida tornam o país um campo
fértil para atividades de lavagem
de dinheiro".
O documento norte-americano
centra a sua análise sobre a região
amazônica, transformada "em
ponte aérea usada pelos aviões dos
traficantes de narcóticos".
Diz ainda que "uma extensa rede
amazônica de transporte fluvial
leva drogas para portos no Atlântico para embarques externos". A
rede fluvial, sempre segundo o relatório, é igualmente utilizada para transportar produtos químicos,
"muitos dos quais feitos no Brasil,
para laboratórios de processamento de narcóticos rio acima,
principalmente na Colômbia".
O documento lamenta que a Polícia Federal brasileira continue a
contar com poucos recursos humanos e financeiros, "apesar do
aumento de atividade dos traficantes de drogas e da grande área
que a polícia deve cobrir para coibir essa atividade".
Segundo o relatório norte-americano, aumentou muito pouco a
quantidade de cocaína apreendida
pela Polícia Federal, de 96 para 97.
Passou de 3,1 toneladas métricas
para 3,7, no ano passado.
Como conseqüência do aumento da atividade dos traficantes, o
governo norte-americano está insistindo com seus pares do continente para internacionalizar o
combate tanto ao narcotráfico como à lavagem do dinheiro resultante dessas operações.
No seminário da Costa Rica em
que o general Serrano denunciou
a presença da "máfia russa" também no Brasil, três países latino-americanos (Costa Rica, Colômbia
e Peru) concordaram em flexibilizar o conceito tradicional de soberania, como arma na guerra contra o narcotráfico.
Dispõem-se a abrir suas fronteiras para a cooperação internacional. Na prática, significa permitir
maior presença dos organismos
norte-americanos de combate ao
narcotráfico, o único do continente que estão em condições de ampliar a escala de suas operações.
O presidente da Costa Rica, José
Figueres, chegou a dizer: "Devemos avançar rumo a um conceito
(de soberania) mais moderno,
sem fronteiros, a exemplo do que
se fez no campo econômico e do
investimento estrangeiro".
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