São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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TRANSPORTES

Empresas prometeram adaptar 10% dos ônibus, mas apenas 5,3% têm elevadores e pisos antiderrapantes

Fracassa acordo que beneficiava deficiente

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas de ônibus que operam em São Paulo descumpriram acordo feito em maio do ano passado de adaptar 10% da frota de mil novos veículos para o acesso de deficientes físicos.
A SPTrans (São Paulo Transporte, empresa que gerencia o transporte público na cidade) informou ontem que só 65 dos novos veículos fornecidos na administração petista pelas empresas têm, por exemplo, elevadores e piso antiderrapante.
Em razão de contratações emergenciais após o acordo de 2001, as empresas acrescentaram mais 220 carros novos àqueles mil. Há, portanto, 1.220 veículos novos circulando, segundo a SPTrans. Os 65 veículos adaptados para transportar deficientes correspondem a 5,3% dessa frota.
O número total da frota na cidade é de 10.200 carros, sendo que 233 são adaptados, já incluídos os 65. A estimativa é que existam 400 mil deficientes em São Paulo.
No acordo de 2001, a municipalidade cumpriu sua parte, paga com dinheiro do paulistano: concedeu aos empresários o aumento da tarifa, que chegou aos atuais R$ 1,40, um acréscimo de 21,7%, acima dos 14,6% de inflação medidos pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP) de janeiro de 1999, data do reajuste anterior, a maio de 2001.
O Transurb (sindicato das empresas de ônibus) informou que consultaria todas as viações que entregaram veículos novos para verificar se os números divulgados pela SPTrans são corretos.
O secretário municipal dos Transportes, Carlos Zarattini, disse que a prefeitura não pode obrigar as empresas a disponibilizar os ônibus, uma vez que elas não assinaram um contrato. Mas irá utilizar uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo para pressioná-las a oferecer mais veículos.
O ex-presidente do Conselho Municipal de Pessoas com Deficiências Galdino Oliveira Teixeira disse ontem que, no ano passado, os representantes do órgão estiveram na SPTrans e pediram que a prefeitura providenciasse um ônibus adaptado por linha. Teixeira também preside a Associação em Defesa dos Direitos de Pessoas Deficientes de Cidade Tiradentes (periferia da zona leste).
Em seu bairro, segundo ele, há quatro linhas com ônibus adaptado, com um veículo cada. "O bairro tem topografia acidentada. Alguns ônibus desses demoram até quatro horas para passar. Quando não dá para esperar, para subir é um problema. Se ninguém ajuda, alguns deficientes têm de, com o perdão da palavra, arrastar a bunda pelo chão", disse.


Colaborou ALENCAR IZIDORO, da Reportagem Local


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