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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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AMBIENTE

Bairro próximo a refinaria está impregnado com derivados de petróleo; para órgão ambiental, morador não corre risco

Paulínia tem mais 7 áreas contaminadas

DA REDAÇÃO, EM CAMPINAS

A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) confirmou a contaminação do solo e do lençol freático em sete novas áreas localizadas ao lado da Replan (Refinaria de Paulínia), na região de Campinas.
Na região, foi identificada a contaminação por derivados de petróleo, como gasolina, querosene de aviação, querosene, óleo diesel, chumbo inorgânico, benzeno e borra oleosa de petróleo.
As áreas contaminadas, que ficam no bairro Cascata, em Paulínia (126 km de São Paulo), cuja dimensão ainda não foi mensurada pela Cetesb, abrigam um conglomerado de sete grandes empresas de distribuição de combustível do país: Shell, Texaco, Esso, Ipiranga, Ipiranga Pool, Petrobras Distribuidora e Agip.
Conforme a gerente da Cetesb em Paulínia, Maria da Penha Oliveira Almeida, 44, as companhias receberam multas no valor total de R$ 350 mil -ou 5.001 Ufesps (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo)- cada uma. O valor da Ufesp é de cerca de R$ 10.
As distribuidoras, segundo a Cetesb, teriam ainda enterrado borra oleosa de petróleo, derivado da limpeza dos tanques de armazenagem de combustíveis.
De acordo com a Cetesb, não há risco à saúde dos moradores, pois a área habitada mais próxima do local fica a dez quilômetros. O benzeno tem potencial cancerígeno e o chumbo, em grandes quantidades, pode provocar graves problemas ao sistema nervoso e hepático.
A análise da Cetesb foi pedida pelo Ministério Público Estadual, que instaurou um inquérito para investigar o caso.
Todas as empresas, segundo Oliveira, vão ter agora um prazo de um mês para apresentar um projeto de remediação.
"Não há uma proposta de remediação ideal. Cada empresa poderá apresentar a dela. Após a entrega, todos os relatórios serão analisados por nossa equipe técnica", afirmou a gerente.
Conforme Oliveira, no caso das borras de petróleo, a primeira medida que as empresas devem tomar é desenterrar o produto.
"Já nos casos do lençol freático há formas de bombear a água e retirar os poluentes", disse a gerente da Cetesb

Problema antigo
De acordo com o presidente da Associação Paulinense de Proteção Ambiental, Henrique Padovani, o problema de contaminação do grupo de empresas existe desde 1993.
"É um problema antigo que demorou para ser resolvido", afirmou o ambientalista.
Para Padovani, um monitoramento mais atento da Cetesb pode evitar que surjam novas áreas contaminadas em Paulínia.
Apesar do problema ambiental no local, qualquer risco de explosão foi descartado pela Cetesb.
"Produtos como esses têm um valor agregado muito alto, o que torna o despejo deliberado sempre muito raro e em poucas quantidades", afirmou o professor de química ambiental do Instituto de Química da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Wilson Jardim.
De acordo com o professor, "a má gestão no manuseio desses produtos pode ter causado a contaminação".
"Normalmente essas coisas ocorrem na transferência de combustível de um tanque para o outro", declarou Jardim.

Laudo desconhecido
As empresas responsáveis pela contaminação próxima ao pólo petroquímico de Paulínia informaram, por meio do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), que o assunto seria comentado pelo próprio sindicato.
A entidade informou que as distribuidoras de derivados de petróleo desconhecem o laudo que aponta contaminação em sete áreas ao lado da Replan. Somente após tomarem conhecimento é que elas deverão se manifestar sobre o assunto.


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