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AMBIENTE
Bairro próximo a refinaria está impregnado com derivados de petróleo; para órgão ambiental, morador não corre risco
Paulínia tem mais 7 áreas contaminadas
DA REDAÇÃO, EM CAMPINAS
A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) confirmou a contaminação
do solo e do lençol freático em sete novas áreas localizadas ao lado
da Replan (Refinaria de Paulínia),
na região de Campinas.
Na região, foi identificada a contaminação por derivados de petróleo, como gasolina, querosene
de aviação, querosene, óleo diesel,
chumbo inorgânico, benzeno e
borra oleosa de petróleo.
As áreas contaminadas, que ficam no bairro Cascata, em Paulínia (126 km de São Paulo), cuja dimensão ainda não foi mensurada
pela Cetesb, abrigam um conglomerado de sete grandes empresas
de distribuição de combustível do
país: Shell, Texaco, Esso, Ipiranga,
Ipiranga Pool, Petrobras Distribuidora e Agip.
Conforme a gerente da Cetesb
em Paulínia, Maria da Penha Oliveira Almeida, 44, as companhias
receberam multas no valor total
de R$ 350 mil -ou 5.001 Ufesps
(Unidade Fiscal do Estado de São
Paulo)- cada uma. O valor da
Ufesp é de cerca de R$ 10.
As distribuidoras, segundo a
Cetesb, teriam ainda enterrado
borra oleosa de petróleo, derivado da limpeza dos tanques de armazenagem de combustíveis.
De acordo com a Cetesb, não há
risco à saúde dos moradores, pois
a área habitada mais próxima do
local fica a dez quilômetros. O
benzeno tem potencial cancerígeno e o chumbo, em grandes quantidades, pode provocar graves
problemas ao sistema nervoso e
hepático.
A análise da Cetesb foi pedida
pelo Ministério Público Estadual,
que instaurou um inquérito para
investigar o caso.
Todas as empresas, segundo
Oliveira, vão ter agora um prazo
de um mês para apresentar um
projeto de remediação.
"Não há uma proposta de remediação ideal. Cada empresa poderá apresentar a dela. Após a entrega, todos os relatórios serão analisados por nossa equipe técnica",
afirmou a gerente.
Conforme Oliveira, no caso das
borras de petróleo, a primeira
medida que as empresas devem
tomar é desenterrar o produto.
"Já nos casos do lençol freático
há formas de bombear a água e retirar os poluentes", disse a gerente
da Cetesb
Problema antigo
De acordo com o presidente da
Associação Paulinense de Proteção Ambiental, Henrique Padovani, o problema de contaminação do grupo de empresas existe
desde 1993.
"É um problema antigo que demorou para ser resolvido", afirmou o ambientalista.
Para Padovani, um monitoramento mais atento da Cetesb pode evitar que surjam novas áreas
contaminadas em Paulínia.
Apesar do problema ambiental
no local, qualquer risco de explosão foi descartado pela Cetesb.
"Produtos como esses têm um
valor agregado muito alto, o que
torna o despejo deliberado sempre muito raro e em poucas quantidades", afirmou o professor de
química ambiental do Instituto de
Química da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Wilson Jardim.
De acordo com o professor, "a
má gestão no manuseio desses
produtos pode ter causado a contaminação".
"Normalmente essas coisas
ocorrem na transferência de combustível de um tanque para o outro", declarou Jardim.
Laudo desconhecido
As empresas responsáveis pela
contaminação próxima ao pólo
petroquímico de Paulínia informaram, por meio do Sindicom
(Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), que o assunto seria comentado pelo próprio sindicato.
A entidade informou que as distribuidoras de derivados de petróleo desconhecem o laudo que
aponta contaminação em sete
áreas ao lado da Replan. Somente
após tomarem conhecimento é
que elas deverão se manifestar sobre o assunto.
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