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SAÚDE
É possível prevenir as crises com pequenas medidas em casa, dizem médicos
Mudança no clima agrava doenças em crianças
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O ar mais frio, mais seco e mais
poluído -típico da mudança climática que ocorre na transição
entre o outono e o inverno- fez
aumentar em até 40% o número
de crianças atendidas com problemas respiratórios nos principais hospitais de São Paulo. Segundo os especialistas, é possível
que os pais evitem essas crises tomando cuidados dentro de casa.
De acordo com o pediatra Roberto Tozzi, do Instituto da
Criança do Hospital das Clínicas,
a baixa umidade relativa do ar é
um dos principais fatores que desencadeiam as crises respiratórias
nas crianças, especialmente naquelas com até três anos de idade.
"Em dias muito secos, por
exemplo, colocar uma bacia com
água no quarto onde a criança vai
dormir pode evitar que ela desencadeie uma crise de bronquite ou
de rinite. Outro fator importante
é evitar deixar essas crianças em
ambientes fechados, especialmente com existência de fumaça
[de cigarro]", explicou.
Segundo Tozzi, uma em cada
quatro crianças tem problemas de
rinite alérgica e asma brônquica.
E elas são mais suscetíveis a desenvolver alergias nesta época
porque têm o sistema respiratório
mais frágil que o de um adulto.
Além disso, a exposição ao frio
favorece a transmissão de viroses
e doenças infecciosas. "No frio, o
sistema respiratório da criança
tem dificuldade para eliminar as
secreções adequadamente, e elas
desenvolvem as crises", disse.
Creches e escolas
Os médicos Clystenes Odyr Soares Silva, do Hospital São Paulo, e
Bernardo Kiertsman, da Santa
Casa, confirmam o aumento no
número de crianças com problemas respiratórios nesta época.
"Esse aumento é sazonal, típico
da estação, mas preocupa. Os leitos chegam a ter 100% de ocupação e chegam a ser remanejados,
enquanto no verão não chegam a
70% de ocupação", afirmou Silva.
"Além dos processos infecciosos, temos aumento dos quadros
de rinite e asma. A poluição aumentada e o ar seco são os primeiros vilões para desencadear essas
alergias", explicou Kiertsman.
Segundo Silva, pais cujos filhos
são alérgicos e suscetíveis a problemas respiratórios devem evitar
deixá-los em locais aglomerados e
procurar o médico para ajustar a
medicação. Kiertsman explica
que o ideal é não levar as crianças
doentes a creches ou escolas. "Em
ambientes fechados, uma acaba
passando o problema para a outra, e assim vamos durante todo o
outono e o inverno. É praticamente um ciclo sem fim."
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