São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2006

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SAÚDE

É possível prevenir as crises com pequenas medidas em casa, dizem médicos

Mudança no clima agrava doenças em crianças

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O ar mais frio, mais seco e mais poluído -típico da mudança climática que ocorre na transição entre o outono e o inverno- fez aumentar em até 40% o número de crianças atendidas com problemas respiratórios nos principais hospitais de São Paulo. Segundo os especialistas, é possível que os pais evitem essas crises tomando cuidados dentro de casa.
De acordo com o pediatra Roberto Tozzi, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, a baixa umidade relativa do ar é um dos principais fatores que desencadeiam as crises respiratórias nas crianças, especialmente naquelas com até três anos de idade.
"Em dias muito secos, por exemplo, colocar uma bacia com água no quarto onde a criança vai dormir pode evitar que ela desencadeie uma crise de bronquite ou de rinite. Outro fator importante é evitar deixar essas crianças em ambientes fechados, especialmente com existência de fumaça [de cigarro]", explicou.
Segundo Tozzi, uma em cada quatro crianças tem problemas de rinite alérgica e asma brônquica. E elas são mais suscetíveis a desenvolver alergias nesta época porque têm o sistema respiratório mais frágil que o de um adulto.
Além disso, a exposição ao frio favorece a transmissão de viroses e doenças infecciosas. "No frio, o sistema respiratório da criança tem dificuldade para eliminar as secreções adequadamente, e elas desenvolvem as crises", disse.

Creches e escolas
Os médicos Clystenes Odyr Soares Silva, do Hospital São Paulo, e Bernardo Kiertsman, da Santa Casa, confirmam o aumento no número de crianças com problemas respiratórios nesta época. "Esse aumento é sazonal, típico da estação, mas preocupa. Os leitos chegam a ter 100% de ocupação e chegam a ser remanejados, enquanto no verão não chegam a 70% de ocupação", afirmou Silva.
"Além dos processos infecciosos, temos aumento dos quadros de rinite e asma. A poluição aumentada e o ar seco são os primeiros vilões para desencadear essas alergias", explicou Kiertsman.
Segundo Silva, pais cujos filhos são alérgicos e suscetíveis a problemas respiratórios devem evitar deixá-los em locais aglomerados e procurar o médico para ajustar a medicação. Kiertsman explica que o ideal é não levar as crianças doentes a creches ou escolas. "Em ambientes fechados, uma acaba passando o problema para a outra, e assim vamos durante todo o outono e o inverno. É praticamente um ciclo sem fim."


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