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ENSINO SUPERIOR
Repasse de ao menos 75% dos recursos destinados à educação consta do texto da reforma universitária
Gasto mínimo em federais valerá por 10 anos
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A garantia de que ao menos
75% dos recursos da União que
são obrigatórios para a educação
sejam investidos anualmente em
instituições federais de ensino superior valerá por dez anos e sua
fiscalização acontecerá de quatro
em quatro anos.
Essas são novidades que constam do texto final do projeto de
reforma universitária que o governo enviará ao Congresso, ao
qual a Folha teve acesso.
Na última versão divulgada pelo
Ministério da Educação, essa garantia mínima de investimento de
75% dos recursos nas instituições
federais não vinha acompanhado
de um prazo. Também não havia
um parágrafo que previa que "a
aplicação de que trata o caput [da
subvinculação de recursos] será
apurada a cada 4 (quatro) anos, a
partir da publicação desta lei".
A maior parte dos artigos que
trazem novidade quanto à organização acadêmica das instituições de ensino superior foi mantida, como a exigência da participação de alunos, funcionários, professores e sociedade civil nos colegiados superiores de universidades e centros universitários públicos ou privados. Nesses colegiados -que segundo o projeto são
responsáveis pela organização da
instituição- os indicados pelos
mantenedores da instituição não
podem superar 20% do total.
Também foi mantida a restrição
à participação de grupos privados
internacionais com fins lucrativos, já que somente 30% do capital votante de uma instituição de
ensino poderá ficar nas mãos desses grupos.
Permaneceram ainda nessa versão a exigência de que cada instituição tenha um ouvidor eleito
pela comunidade e com mandato
fixo e o artigo que afirma que a
universidade deverá constituir
um "conselho social de desenvolvimento, de caráter consultivo,
(...) com representação majoritária e plural de representantes da
sociedade civil externos à instituição".
A versão final do anteprojeto já
foi apresentada, na semana passada, pelo MEC a reitores de universidades federais. A principal preocupação dos reitores é com relação à garantia de que os recursos
serão suficientes e de que haverá
autonomia na gestão diária dessas
instituições.
Como no projeto o aumento de
gastos com pessoal ativo entrará
na conta desse mínimo de 75% a
ser investido, os reitores temem
que esse aumento no percentual
que lhes cabe [hoje é de 70%] não
seja suficiente para garantir os
projetos de expansão.
Eles demonstraram ao MEC
ainda a preocupação de que esses
recursos possam não crescer no
ritmo desejado por causa do aumento de contribuições criadas
pelo governo federal, que não entram no cálculo dos recursos a serem destinados obrigatoriamente
à educação.
O MEC argumentou com os reitores que, segundo cálculos do
próprio ministério, a verba de
custeio das universidades cresceu
de R$ 550 milhões para R$ 1,1 bilhão nos últimos quatro anos.
Com isso, as instituições federais
já partiriam de um patamar melhor do que o verificado no passado. O ministério estima ainda
que, com o aumento do percentual mínimo de 70% para 75%,
haverá um acréscimo de R$ 1 bilhão nos primeiros anos, podendo chegar a mais de R$ 2 bilhões
em 2009 caso a arrecadação federal cresça.
Tanto o ministério quanto os
reitores concordaram que é preciso também regulamentar, por
meio de portarias ou decretos, aspectos da autonomia da gestão no
dia-a-dia das universidades.
Hoje, por exemplo, um reitor
não pode investir no ano seguinte
recursos que sobraram de seu orçamento no final do ano. Ele também não pode contratar novos
professores quando um docente
se aposenta ou se demite.
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